[E.P.] M.C.- Praia

Despertou no navio sem entender bulhufas do que estava acontecendo, o caminho até Sirarossa não parecia ser tão longo quanto imaginava. A recepção era calorosa, mas algo incomodava o grande homem-peixe – Mudou? – Se perguntou olhando ao redor, suas lembranças do destino que tomou, iam totalmente contra o cenário atual. Deu com os ombros e apenas seguiu o fluxo até a mansão, algo que até então ele nunca tinha visto. Sua boca estava aberta e se fosse possível, o queixo estaria no chão naquele exato momento, estupefato ficou com a arquitetura e as roupas que o anfitrião usava, ele queria uma daquela, mas, apenas contava com seu Short estampado com vários raios.

Ouviu atentamente as palavras, ninguém se machucava? Aquilo ficou martelando em sua mente, como era possível que ninguém se machucasse? Uma queda? Nem mesmo ao morder a língua? Ele ignorou completamente o falatório a partir dali, se manteve inerte olhando para frente, fingindo que estava ouvindo com atenção as palavras, algo que fazia no passado com sua mentora. Quando liberado para vagar por aí, ele tomou como primeira ação acertar um soco em seu “nariz”, seguindo de outro e mais outro – Ahn? – Aquilo era mesmo real? Ele não se machucou com nenhum dos seus pesados ataques – Eu não acreditar. – Sua voz mostrava toda sua surpresa. Ele pulou balançando os braços de maneira infantil, correndo de onde estava o mais rápido que podia, ele precisava ter certeza que as palavras daquele homem eram reais.

Ao chegar na praia aumentou ainda mais sua velocidade, enquanto corria olhando toda a extensão daquele lugar paradisíaco. Tropeçou em uma das mesas, caindo de boca na areia, mas aquilo não seria o bastante para barrar o seu ímpeto pela certeza. O tritão alcançou a água, como um bom peixe que é, nadou agilmente por debaixo das ondas e alcançou o fundo. Sua ideia era simples, se ele não morresse afogado, as palavras do homem eram verdadeiras e assim permaneceu. Com os braços cruzados aguardava o seu fim, esperava que em algum momento ele parasse de respirar, seres humanos não conseguiam permanecer por muito tempo na água. Os minutos foram passando e nada acontecia, alguns peixes entraram e saíram da sua visão nesses tempo decorrido e ele ainda não sentia um pingo de falta de ar – É VERDADE! – Gritou ainda no interior do mar, mexia seus braços com alegria que o contagiou ao saber que era verdade, ninguém ali podia se machucar.

Nadou com uma velocidade ainda maior que a anterior e tomou impulso para sair do mar, caindo na beira da praia em pé – SHAHAHAHA-SHARK – Gargalhava enquanto imitava um cachorro, chacoalhando para tirar a água em seu corpo – É VERDADE! NINGUÉM SE MACHUCAR AQUI. – Gritou na praia para quem quisesse e pudesse ouvir. Virou de frente para o mar, sentando-se com as pernas abertas e ficou ali, observando toda extensão do oceano.

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A praia estava enchendo, mas o tritão continuava a admirar o lugar que era amado por ele: o mar. O sol ardente não o incomodava, buscava mesmo que de maneira não intencionalmente, adquirir um bronzeado típico daquele cenário... Isso é, se tritão pega bronze. Em meio a perdição infantil da sua mente, sentiu algo sobre sua perna, mudando sua aparência semelhante a uma criança perdendo o seu brinquedo. Com os braços cruzados encarou aquela criatura atípica, o odor da sua falta de higiene acabou com toda a tranquilidade do homem-peixe. Nanaue estava irritado, seus nervos tremeram com aquela afronta e ele sentia que era hora de fazê-lo pagar pelos seus atos, entretanto, o caprino pediu desculpa, quebrando todo o ímpeto do tritão – Bem bem, tudo bem. – Falou coçando a parte posterior da sua cabeça, estava meio sem jeito, ser tratado com educação era algo novo.

Ao ver o mink correndo, levantou de maneira célere, limpando sua bermuda e partindo na mesma direção que ele – Espera! – Gritou acenando para o Bode que já estava metros à sua frente. Quando conseguiu chegar perto, o bode novamente iniciou outra aventura em um rumo diferente, mas, o tritão ali ficou. Aproveitou que outro ser estava ali, pelo que viu, algo estava em suas mãos e chamou a atenção pelo odor – Ei. – Cutucou o humano uma, duas, três ou quantas vezes fosse necessário – O que ser isso? – Apontou com seu grosso dedo para o cigarro, estava interessado. Em meio a espera para saber o que era aquilo, observou os outros que estavam na praia, até mesmo viu o mink de antes se ajoelhando na frente de outras pessoas – Idiota! SHASHASHA-SHARK – Gargalhou dando literalmente um tapa nas costas do humano – Sou o Nanaue e você? – Disse em meio à gargalhada.

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