[Autonarrada/Fechada] - A Duke's Return and a Queen's Will.

Obrigada. - respondia com suavidade, encarando Aria por algum tempo, percebendo a sinceridade da garota o que era uma situação bem diferente de Morgana que mesmo em palavras parecia não ser capaz de ocultar por completo suas reais intenções, embora pudesse sentir sua vontade em não gerar um conflito o qual já era suficientemente aceitável para não mais ficar atiçando-a, mesmo que fizesse sentido como ao comentar sobre a queda de Nika e incompreensão do que aquele impacto de fato causava no Mundo. - Todos temos grandes desejos para o Mundo, o caminho que seguimos para esses desejos é o que de fato é importante. Bellona acreditava que a revolução a todo custo valeria a pena, mas não era bem assim, no fim ela cavou a própria morte e em dado momento era difícil saber o que nos diferencia de nossos inimigos. - comentava com um certo amargor na voz, mas logo voltava minha atenção ao assunto.

Agradeço que veja as coisas dessa forma, embora a relação com a pirataria seja bem volátil, por assim dizer, é bom saber que existem pessoas que não nos vêem como inimigos. Que a nossa relação seja amigável e que da mesma forma que respeito seu povo e território, espero reciprocidade para com meus companheiros e territórios que lutam constantemente contra a opressão do Governo Mundial. - fazia um gesto de agradecimento, mas não antes de lembrar de algo, pegando uma pequena bolsa e entregando a Aria. - Acredito que isso seja seu, nós encontramos com você e como não sabíamos do que se tratava analisamos, os meus especialistas acreditam ser um tipo de material consumível, talvez o que você utilize para abastecer suas partes mecânicas. - caminharia para próximo da saída, comentando sobre a partida.

Bem, então não precisarei mudar o que falei com Sylvie. Não será necessário parar numa ilha, a atenção do Governo está maior pela Grand Line, o procedimento ocorrerá em alto mar, com os navios em movimento. A Falange está acostumada a essas operações, como o meu navio é mais rápido que o de vocês, Sylvie já está a caminho e vocês se encontraram rapidamente e irão embarcar no navio das Kujas sem a necessidade de parar a embarcação. Muito útil para evitar problemas caso inimigos apareçam! - explicava o procedimento e talvez Aria compreendesse a artimanha daquilo, a Falange era conhecida por um grupo de guerrilha, escolta e extração, ações rápidas e bem planejadas eram suas principais características e talvez por isso, o número de baixas tenha sido praticamente nulo.

No entanto, havia mais uma pergunta. - Sim? - olhava para Aria. - Claro que tenho! Sua mãe é uma boa amiga e assim como eu, tem tantos olhos e ouvidos quanto. Gostamos de trocar informações de vez em quando, ela é muito competente no que faz. - sorriria. - Se ela está bem? Sim. Conversei com ela a poucos dias, ela está em uma missão importante, mas curiosamente ela sempre sabe muito a respeito da filha. - coçava a cabeça, como se não quisesse comentar mais sobre o assunto, mas dando a Aria uma resposta sincera. - Mao nunca se intrometeu na minha vida, acredito que ela também apreciaria que eu fizesse o mesmo, então vou me comprometer a apenas essas respostas. Ela está muito orgulhosa de você, disso tenho certeza. - com tudo dito, olharia para Milene. - Ajude-as com a preparação, as demais Kujas acordarão em breve, vocês partem ao entardecer, chegarão em seu destino no amanhecer do dia seguinte. Os ventos estão favoráveis! - diria antes de partir, indo até Mindy. - Alinhe as coisas com Dailong, e prepare um banho, irei escoltar nossas convidadas.

Havia silêncio, enfim, por mais cansada que estivesse naquele momento, compreendia em meu íntimo que precisava me manter firme por mais algumas horas. Mindy havia saído do palácio em busca de Dailong e com todos os médicos e enfermeiros devidamente orientados e sem nenhuma cirurgia mais a ser feita, era preciso dar a o braço a torcer para com o Belmont, eu realmente precisava de um banho. Naquelas paredes que carregavam memórias de um passado que guardava com carinho agora, talvez fosse necessário de fato, seguir em frente com o que precisava ser feito. A queda de Nika havia gerado uma quebra de expectativa sem igual, não apenas para boa parte dos revolucionários como para mim também, talvez houvesse no fundo do peito uma esperança tola de não tomar mais aquela responsabilidade para mim, embora entendesse que sim, se não Tidus eu era a pessoa mais qualificada para a função.

Chegava ao quarto com passadas lentas, fechando a porta enquanto apoiava meu corpo contra a mesma, fechando os olhos como quem enfim podia relaxar. - “Deixe a menina morrer, a mulher tomará seu lugar.” - havia escutado uma vez no navio de meu pai, um momento de ruptura, aceitação e compreensão das responsabilidades de uma nova vida que não cabiam na mentalidade da que precisava morrer, quantas vezes havia revivido desta maneira? De menina para mulher, de mulher para revolucionária, de revolucionária para rainha e vice-comandante e agora, mais uma vez. Caminhava quanto adentro até alcançar o espelho e enfim enxergar-me como não havia em anos, aquela que eu encarava era de fato eu? Meus cabelos estavam mal cuidados, aninhados em um coque salpicado pelo sangue e pega areia, minhas roupas brancas pareciam amareladas pelos dias de trabalho a fio, mas nada era mais impactante do que meu próprio corpo. Estava bem mais magra que o normal, o suficiente para perceber que negligenciei abertamente uma boa alimentação enquanto a face estava bem, embora ainda bela o desleixo de alguma maneira havia me deixado menos bela, embora não me incomodasse tanto com isso atualmente.

O que “você” fez com você? - dizia, encarando-me, como se por mágica o reflexo pudesse ser capaz de responder-me. Novamente olhei para o lado e observava uma banheira de água morna, não quente como as fontes termais mas ainda sim convidativa ao extremo. Pouco a pouco, me desfazia daquelas vestes, retirando cada peça com calma, até porque não havia somente pele por debaixo daqueles panos. Dos braços, atravessando os ombros e descendo as costas, havia uma camada de gelo resiliente, presa como se fossem escamas em uma serpente, de forma que ao remover toda a parte superior de roupa fosse possível ouvir os estalos do gelo se quebrando, porém não cedendo até o chão. Respirei fundo e aos poucos removi os pedaços que eu mesma havia posto em mim revelando por debaixo da camada fina pequenos espinhos similares a agulhas. Estava assim revelado o segredo daquela resistência sem igual perante o trabalho, um estímulo constante de acupontos cujos meandros qualquer pessoa normal teria dificuldade de compreender. Pelo meu julgamento, retirá-la agora não implicaria em nada, mas logo ao final do dia provavelmente cederia ao cansaço.

Com as placas removidas, podia terminar de despir-me e enfim adentrar a banheira, deslizando vagarosamente pela mesma até me deitar, relaxando o corpo por alguns minutos. - Você chegou onde queria, não chegou? - sussurrava ao vento, encarando o teto por algum tempo. - Agora precisa fazer o que de fato prometeu a si mesma. - respirava fundo, lembrando-me do que Tidus havia dito mais cedo, de fato eu não estava sozinha nem antes, muito menos agora e havia sido um erro da minha parte só ter percebido isso com o retorno do Duque. Apoiei minhas mãos na borda da banheira e mergulhei por alguns instantes, deixando a água morna cobrir meu rosto por alguns segundos até de fato puxar-me de volta. Fechava os olhos como quem meditava e assim passei alguns minutos por ali, com a mente a tratar em sigilo de muitos assuntos e outras dezenas de decisões. - Embora eu já não sinta mais tanta paixão em usá-los, acho que é importante que me vejam bem. - comentei, olhando para uma pequena caixa em cima da mesa. Aos poucos, cuidava de mim, limpando-me bem e principalmente resolvendo o problema que havia se tornado aquele cabelo emaranhado.

Mindy retornava ao quarto após uma hora, encontrando-me nua e sentada em uma pequena cadeira próxima a banheira já com água fria, ela enxergava algo que não via a um bom tempo. - Isso é um milagre? - ela dizia, caminhando até mim e parando do lado oposto para encarar-me de frente. Estava a escovar meus cabelos, repetidas vezes até tê-los novamente lisos. - Podemos dizer que sim. - respondia com um sorriso sincero, enquanto virava meu olhar até encontrar os dela. - Desculpe tê-la preocupado por todo esse tempo, você e Às mais do que ninguém passar por isso. - desculpei-me e Mindy veio até mim, abraçando-me forte e sem responder uma única palavras, pois afinal de contas, ela mais do que ninguém compreendia que as vezes o silêncio e os gestos eram tão poderosos quanto qualquer palavra.

Sorri, dizendo-lhe ao pé do ouvido. - Poderia me ajudar a escolher uma roupa? - a fala a animou e ela caminhou até o armário trazendo consigo um vestido de seda azul e detalhes em prata, ele não era um vestido qualquer, era o mesmo que havia usado em Alabasta e por muito tempo, era o que havia sido descrito para o Mundo. Com a ajuda de Mindy, coloquei o vestido e arrumei suas muitas camadas de seda sob meu corpo, eram muitas e ainda sim pareciam não ser tantas com um corte bastante revelador da cintura para cima. Mindy havia também me ajudado com algumas tranças menores, ajeitando-as ao redor de minha cabeça enquanto boa parte dos meus cabelos permaneciam soltos. - Acha que devo usá-las? - questionava após terminar de vestir-me, apontando para a caixa e Mindy apenas concordou. - Todos da revolução sabem quem é você e sabem que isso não significa nada. - ela riu enquanto eu caminhava até a cama e abri a pequena caixa ornada. Encontrei minhas jóias, as mesmas de sempre, sem reposições até porque havia perdido muito do meu apreço por outras, aquelas em específico carregavam muito significado para mim. Pouco a pouco as colocava, primeiro o colar, depois os anéis, os braceletes, os brincos e por último a tiara. - O que acha? - perguntei.

Devia você mesma se olhar. - Mindy virava o espelho. Por alguns instantes era como observar o passado, ver-me bem daquela maneira era como uma retomada de confiança, mas também uma certeza conforme me encarava novamente. Não havia mais um rosto tão jovial, não havia o brilho da imprudência no olhar e nem mesmo a vitalidade de quem havia recém se alistado. Equivoquei-me tão breve quanto havia constatado tais coisas, ainda havia tudo aquilo só que mais refinado e melhor. - Obrigado por ter me deixado ir Mindy, ainda que me observasse de uma distância segura. Acho que eu me reencontrei. Acho que estou pronto. - olhava para ela com um sorriso de soslaio, caminhando lentamente até ela para dar-lhe um beijo longo como não havíamos dado a um bom tempo. - Vamos? - a chamava e ela sorrindo me deu sua mão.

Os passos calmos davam lugar a um andar mais firme, cujo som se acentua com o som do salto. Havia chegado a hora de escoltar minhas pacientes até seu navio. - Dailong quis enviar uma escolta mais robusta? - questionei Mindy e a mesma concordou. - Disse que não era preciso você ir, mas como eu insisti ele cedeu, na realidade você sabe, Angel intercedeu. O comboio é enxuto, uma carroça comum por fora e confortável por dentro, somente mulheres da Falange irão conduzir o Fimbulvinter, como você pediu. - ela dizia, em seus braços carregava um manto azulado de tom profundo. - Eu devia usar a Angel mais vezes, me pouparia muita discussão com ele. - respondi em tom de brincadeira, conforme nos aproximávamos dos estábulos onde podia ver Lira hidratando-se. O pato selvagem entrava em histeria ao me ver, correndo e saltando o cercado até me alcançar e receber meu afagos calorosos. - Sentiu saudades? - lhe fazia carinho próximo ao bico enquanto a mesma calmamente se sentava na areia. - Parece que estamos na mesma sintonia, não é? Vamos dar um passeio! - dizia com um amplo sorriso, montando no pato selvagem, enquanto pegava com o Mindy o manto azul, colocando-o em meu colo.

Chame-as, o navio delas já está no aguardo! - dizia a Mindy, para que ela buscasse Morgana e Aria.