Agnis estava distraída. Distraída o bastante para não notar o homem que veio interagir com a ruiva. Um mink caprino que pra ela, parecia bem desgastado pela idade e que aparentemente veio entregar o presente da confraternização. A garota sentia uma impulsiva vontade de acariciar o homem, mas se segurava ao ouvir as reclamações de sua outra personalidade ao fundo. A garota apenas sorria, observando a interação, até que o homem a beijou, o que lhe surpreendeu brevemente, pois não sabia como ela iria reagir. Ao ver a reação de sua companhia, a surpresa e leve preocupação que sentia foram lavadas por uma breve gargalhada. A confusão e o desespero que a Maka demonstrava lhe fez soltar aquela risada que inicialmente a jovem evitava. - É rude ficar rindo da cara dos outros. - Ressoou a voz de sua outra metade. Aquilo foi o bastante para fazer ela se conter novamente.

Em meio as goladas e após a sua explicação sobre o que faz um whisky bom, a grande ruiva lhe elogiou mais, que em combinação com o álcool, lhe fez rir ainda mais escandalosamente. - HIIHIHIHIHIHIHIHIHIHIHI! Para com isso! - Ela fechava os olhos e cobria seu rosto, evitando que ela visse o quão corada ela estava. - SE CONTENHA, MULHER! -  Ela conteve sua risada um pouco, mas ficou um bom tempo gargalhando sozinha, provavelmente pelo efeito da bebida. Depois que parou de rir, a leoa havia finalmente fechado os olhos, e por um tempo, Agnis apenas a encarou. - Sem trapacear, hein. - Ela se inclinou e aproximou seu rosto, quase colado com o da garota. - Se trapacear, não recebera seu presente... - Ela disse em um tom mais baixo e contido, enquanto buscava algo para poder entregar para a garota. Sem muita demora ela avistou e pegou um saleiro que estava sobre o balcão e o escorregou na mão da ruiva. - Ta-da! - Ela disse, se afastando um pouco, após a surpresa nada surpreendente. Seria claramente um presente decepcionante, mas isso era apenas parte da surpresa. Ela observaria a leoa, e enquanto ela estivesse contemplando a clara pegadinha, ela saltaria pra cima da moça, a envolveria em seus braços e lhe roubaria um beijo. - Sem língua, por favor. Tenha um pouco de classe pelo menos dessa vez. -  Um longo e apaixonado beijo. Um pouco contido, é claro, já que a mando de Agnis dois, ela buscava não ousar muito. No fim, ela se afastaria novamente, e a olharia bem no fundo de seus olhos. - Gostou do presente? Deve ter sido horrível, com esse bafo de cachaça e tudo. - Ela claramente estava um pouco envergonhada, mas parecia não se importar tanto quanto aquilo.

Agora com a devida oportunidade de se retirar, a garota se levantou para partir em busca da moça de cabelo rosa a quem deveria presentear, mas bem antes de poder dar o primeiro passo, seu presenteador surgiu. Inicialmente ela observou um pouco confusa, já que não sabia do que se tratava, até que ele apresentou aquilo que seria seu presente. Ela suspirou com a surpresa e sem pensar muito, pegou o presente e em poucos segundos, destruiu o pacote, revelando aquilo que era algo simples, mas que ela desejava muito. - Isso... É....É! - Ela colocou o tapa-olho sobre seu olho esquerdo e arrumou seu cabelo de forma que ocultasse a sua faixa, além de mover sua franja. Contente com o que havia recebido, ela posou com ambas as mãos em sua cintura, enquanto o tapa-olho emitia um brilho roxo. Sem pensar muito, ela interrompeu o questionamento do rapaz a sua frente e o envolveu num abraço apertado, o erguendo o mais alto que pudesse. - MUITO MUITO MUITO OBRIGADA! -  Ela berrava, enquanto sorria de olhos fechados, com o seu rosto dolorido a aquela altura, já que não havia feito nada além de sorrir o dia todo. - Uh! - Ela aproveitou a deixa e o colocou de volta no chão. - Agora eu tenho que encontrar uma garota de cabelo rosa chamada Myriam, gostaria de vir comigo? Ah mas é claro que você quer! Vamos! - Ela o agarrou pelo braço e arrastou atrás dela até que se deparou com a garota ali perto mesmo. - Oi? Myriam? Então, vim entregar seu presente. - Ela puxou de suas costas, como em um desenho animado, uma caixa transparente com uma luva preta de couro com espinhos sobre uma almofada vermelha. -  Essa luva pertenceu ao meu amigo Chico, e ela era a luva da sorte de seu bisavô e ele o usava todos os dias em que estava na guerra na GrandLine. Depois de cumprir seu dever, ele foi para a casa de sua bisavó, tirou a luva, a colocou em uma velha lata de café e nessa lata ficou até que seu avô foi chamado por seu país para ir para o exterior e lutar contra os piratas mais uma vez. O bisavô dele deu esta luva ao seu avô para dar sorte. Infelizmente, a sorte dele não foi tão boa quanto a de seu pai. Ele era um capitão da marinha e foi morto, junto com os outros capitães. Ele estava enfrentando a morte, ele sabia disso. Nenhum daqueles garotos tinha ilusões sobre deixar aquela ilha com vida. Então, três dias antes de os revolucionários tomarem a ilha, o avô dele pediu a um tenente de um transporte de suprimentos chamado Winocki, um homem que ele nunca havia conhecido antes em sua vida, para entregar a seu filho pequeno, que ele nunca tinha visto no carne, sua luva de couro. Três dias depois, o avô dele estava morto. Mas Winocki manteve sua palavra. Depois que a guerra acabou, ele fez uma visita à sua avó, entregando ao pai de Chico, a luva de couro de seu pai.

Essa luva. Essa luva estava na mão do pai de Chico quando ele foi abatido. Ele foi capturado e colocado em um campo de prisioneiros. Ele sabia que se os revos vissem a luva, ela seria confiscada e levada embora. Do jeito que o pai de Chico olho para ela, aquela luva era seu direito de nascença. Ele sofreria se qualquer um colocasse suas mãos sujas e criminosas na herança de seu filho. Então ele o escondeu no único lugar que ele sabia que poderia esconder algo. Sua bunda. Cinco longos anos, ele manteve essa luva na bunda. Aí ele morreu de disenteria, entregou a luva a um companheiro, que por fim chegou as mãos de Chico, e por não ter filhos e nem familiares vivos, acabou indo parar em minhas mãos. Agora eu estou dando a você, já que ela não cabe em mim. Cuide muito bem dela. - Ela disse em um tom sério e quase melancólico. Ela aguardou um bom tempo, para a garota digerir o discurso e eventualmente reagir a tudo que tinha acabado de ouvir. - É mentira! Ela era sim do meu amigo Chico, mas não foi parar na bunda de ninguém. Ela é bem bacana mas como havia dito, eu não posso usar. Então fique a vontade. - Ela esticou os braços, entregando a caixa para a garota de madeixas rosadas. - Prova ai! Eu quero ver como fica!  

I Lollita

Mega Churrascão!