The Red Hot Bounty Hunters

A dupla de caçadoras chegava até a guilda de aventureiros, onde deveriam receber a primeira missão após assinar alguns papéis. Para tal, receberam a ajuda de um atendente, o qual prontamente distribuiu algumas missões próprias para o rank Cobre das recém-aventureiras. Os papéis mostravam certos problemas e suas recompensas, acompanhados de um selo que mostrava a dificuldade do mesmo. Como eram novas no recinto, receberam a de menor dificuldade, quebrando totalmente a expectativa criada com o pequeno tempo que estavam lá. Claro, dragões e goblins seriam mais interessantes que flores e javalis, porém, para tal oportunidade, deveria haver confiança entre contratante e contratado.

Com a quebra do ânimo, Sasha, que denotava o tédio sentido em uma missão de procura, deixava a responsabilidade da escolha para sua colega e parceira, que, apesar de tudo, se animava com a ideia de caçar um javali sem feri-lo, pensando na tarefa como excitante. Sua face se contraía em um pequeno sorriso de canto de boca, e sem hesitar, a moça escolhia a missão para caçar aquele "porco", tentando consolar sua amiga que definitivamente odiava uma busca.

Tendo então a resposta, o homem que cuidava das atribuições guardava os outros dois papéis e deixava o de Estela com Shiori, que se mantinha séria e até mesmo pensava em pegar as ditas flores, como um treino. Sua postura responsável, porém, era rapidamente quebrada com o comentário de Sasha sobre os goblins, o que levava as duas em um diálogo estranho, porém engraçado para quem visse de fora. Era inevitável observar o rosto de interrogação estampado no atendente, enquanto ele testemunhava a conversa das duas. Alguns olhos avulsos prestavam atenção na dupla incomum, mas desviavam o olhar sem demora para suas atividades individuais.

Terminada então a interação entre as duas, houve a conclusão de que goblins são seres furtivos e incapazes de serem encontrados, e que javalis assados era crueldade. O rapaz que olhava quieto a cena pigarreava para retomar a atenção das mulheres, e retornava a falar com as duas.

— Aham... certo, o javali então! — exclamava de certa forma animado. — Para facilitar a busca de vocês, recebemos um comunicado da Cidade do Campo sobre um javali presente por lá. Talvez seja o alvo de vocês, quem sabe? — o homem não parecia acreditar que a informação seria referente ao caso delas, porém, havia a possibilidade, e deixar as novatas no escura na missão não era nada bom para ninguém.

Finalizando todo aquele processo, Sasha exclamava e dava a deixa para a partida, passando o espírito animado para Shiori, que fazia o mesmo e caminhava para a saída, acompanhada pela sua amiga. A porta se abria, e revelava a paisagem que viram anteriormente há alguns minutos. Uma fonte, que trifurcava em três caminhos, um deles a guilda; a outra levava até os aposentos dos empregados reais, e seguindo em frente, o grandioso castelo do reino que se mostrava imponente com sua majestosidade. O tempo ainda se mostrava ameno, com pequenos ventos gelados, porém, um pouco mais quentes que anteriormente. A primeira missão da guilda começaria agora, seguida pela jornada da busca do grande javali.

As duas minks então partiam para a primeira missão delas na guilda de aventureiros: encontrar uma grande javali que se encontrava pelo nome de Estela. A tarefa possuía recompensas boas para o nível, porém, a dificuldade mesmo se encontrava na hora da localização do animal. Sorbet era um grande reino, possuindo até mesmo pequenas cidades ramificadas espalhadas pelo território. Esse fato poderia ser um empecilho para as duas, se informações prévias não fossem dadas a elas sobre a possível localização do alvo.

Baseado nisso, as duas não hesitavam em partir para a aventura. A caminhada até a zona indicada era decerto longa, durando cerca de 40 minutos, mas isso não se mostrava um problema para as duas além de um pequeno cansaço. A paisagem mudava drasticamente conforme os passos eram dados, passando de cidade grande para estradas empoeiradas e movimentadas. Quando estavam próximas do local, os campos coloridos se estendiam até o horizonte, onde os olhos não mais alcançavam. Flores liberavam um aroma agradável, enquanto agraciavam a visão com suas lindas pétalas sujeitas ao vento.

Shiori, que tomava a dianteira da investigação procurando por indícios da passagem da porca pelas redondezas, não encontrava nada pelos caminhos. Mesmo que o animal houvesse passado por ali, o tempo teria lavado suas marcas. Sasha tentava algo semelhante, em busca de pegadas e rastros, porém, admitia que não era boa nisso também. A má sorte das duas era recompensada com a chegada ao local indicado, após uma longa caminhada até o centro-sul do reino. O cenário não mudava muito, mas agora eram vistas pequenas e humildes casas. Moradores locais trabalhavam com as plantações e alguns gados, enquanto algumas pessoas mais despreocupadas sentavam na varanda das moradias e tomavam um fumegante chá. As residências possuíam uma separação relativa entra elas, mas se andassem um pouco mais adiante, veriam que essa característica ia se perdendo gradualmente, até que chegassem ao centro comercial.

A loba não perdia tempo nas suas ações, e assim que via haver chegado no local, começava a procura mais seriamente. Passando pelas fazendas e pelos transeuntes que trabalhavam, ela perguntava pela porca que poderia estar na região. As respostas eram quase sempre a mesma, mas carregavam a gentileza de um povo nobre de coração.

— Eu num vi não môça, peRdão aí. — dizia um senhor de idade suado que carregava um saco de grãos na cabeça. Sua entonação demonstrava a preocupação com a questão da dupla, e o sotaque característico do interior fazia tudo ser mais simpático. — Oooh, querida, num posso te ajudaR hôje. — a vez agora era a de uma moça que papeava com sua amiga na varanda de sua fazenda. Apesar da falta de conhecimento sobre o assunto dela, sua parceira possuía uma resposta interessante. — O sinhô ARmando num foi espantado por um javali hoje não?! — indagava para sua amiga sobre uma fofoca que havia ouvido mais cedo. — Pois é cumade, agora me lembrei. O coitado saiu correndo pelo meRcado com medo huahuahuahua! — gargalhava enquanto imaginava a cena. Sasha agradecia as duas pela ajuda, como havia feito até agora, e igualmente fazia Shiori, que agora possuía uma informação para trabalhar. — Quê isso, se quiseR passaR poR aqui mais taRde tão convidadas! Boa soRte com o que vocês querem! — retribuía o agradecimento das moças gentilmente e voltava para o que fazia.

Possuindo informação agora sobre o paradeiro, as duas poderiam ir atrás do bichano mais efetivamente. E fazendo isso, caminhavam pelas estradas de terra com plantações e casas isoladas enchendo suas visões. Não demorava muito até que chegassem próximas ao centro comercial, e era aí que enxergavam o que procuravam. Uma javali, grande e provavelmente pesada. Ela descansava próxima a um córrego que corria por ali, despreocupada com a vida e o que deveria fazer. Sua pelagem era ébano escuro, e estava visivelmente suja. Entre suas orelhas, um laço rosa enfeitava sua aparência de maneira um tanto quanto fofa. Sasha, vendo isso, não demorava e apontava para o alvo, indicando para sua amiga e parceira.

Não hesitando, Shiori se aproximava dela, mas não era notada inicialmente. Quando a distância entre as duas era mínima, a porca percebia, e montava guarda. Suas quatro patas se espalhavam e sustentavam firmemente seu corpo no chão de terra batida e lama. A mulher, tentando uma abordagem diplomática, tentava o "javalinês", esperando uma resposta mais positiva. Não era isso que ela encontrava, porém. Estela ouvia tudo diferente do que realmente era a mensagem, e isso acabava por gerar um grande mal-entendido.

— Oink Oink WEEEE! (Me assar em casa? JAMAIS!) — exclamava em um acesso de fúria e um pouco de medo, enquanto, do contrário imaginado, dava meia volta e fugia pelo mato. As duas aventureiras não perdiam tempo e iam atrás em alta velocidade e prontidão. A coordenação delas era impressionante, parecendo duas metades. Shiori corria estrategicamente atrás do animal, não o deixando assumir rotas diferentes e a direcionando para Sasha, que com seu escudo, firmava sua base e tampava o caminho, deixando a "caça" encurralada eventualmente. A loba tentava novamente se comunicar, mas isso, de novo, não adiantava em coisa alguma.

— Oink Oink YOINKEEE! (Me saborear? SOCORROOO!) — pequenas lágrimas escorriam pelos seus olhos na situação que se mostrava mais cômica do que trágica. Nesse momento, apesar de sua luta contra a captura, a "porquinha" via que se corresse iria se chocar contra o sólido escudo, portanto, Estela instintivamente freava com todas as suas forças. Suas patas dianteiras entravam em atrito com a terra enquanto as traseiras eram arrastadas pelo caminho. Nessa oportunidade, Shiori pulava para a porca e rolava pelo chão com ela em seus braços. Seus pés, que agora apontavam para cima, corriam agitadamente pelo ar, mas não encontravam solo para agarrar. Após um curto tempo, ela aceitava seu destino, acreditando que morreria em breve. — Oink Moink Coink... (adeus, mundo cruel...)