Um grito cerca de dez segundos depois do ocorrido chamou a atenção de todos ali, não que eles não tivessem reparado no homem caído, mas, apenas não tinham se importado o bastante. A mulher correu para auxiliar o homem que ainda respirava e também sangrava sem parar, virou o corpo do mesmo deixando-o de barriga para cima, sendo possível notar o seu nariz completamente “esbagaçado”. Teresa se manteve parada atrás do balcão por alguns segundos de conflito, ela achava justo a porrada recebida pelo homem e, ao mesmo tempo, tinha que agir profissionalmente, afinal, aquele era um dos seus clientes. Ela saltou – em um único pulo – o balcão, indo ajudar a mulher que em meio aos prantos, tentava ajudar o homem.
Ignorando tudo aquilo Joe caminhou carregando em mãos sua caneca de cerveja, seus passos largos e agora toda a atenção da taberna estava voltada para ele. Ajin passava correndo ao seu lado indo em direção a balbúrdia causada por ele próximo ao balcão, em sua face ele pode realmente ver o real descontentamento para com suas ações, entretanto, naquele momento o velho homem estava focado em limpar a bagunça. Nas três mesas cinco homens estavam espalhados, dois deles estavam na ponta esquerda, um na ponta oposta a dupla e dois no meio – bem próximos, tendo duas mulheres cada um debaixo dos seus braços -. Todos ouviram as palavras de Joe e riam, riam tanto ao ponto de um deles liberar flatulências descontroladamente enquanto segurava em sua barriga, como se quisesse controlar suas gargalhadas – O bebezão está querendo briga. – Bradou um dele em meio as risadas, seus dreads balançavam com o movimento do seu corpo e sua expressão facial mostrava uma loucura sem igual, ele era estranho, era tudo que Joe e Boris sentiam – Olha, ele sabe fazer um círculo. – Um dos outros homens falou enquanto se levantava devagar, ajeitando minuciosamente seu cabelo extremamente bem cuidado. De pé sua estatura física não perdia em nada para Joe, na verdade, sua musculatura conseguia ser ainda mais definida e arredondada. Por mais ameaçador que Sins pudesse ser, aquilo não funcionava nós homens a sua frente – diferente das mulheres, que ficaram com medo – e em uma mulher em particular que parecia não estar ali para cumprir a mesma função das demais, suas roupas pretas eram semelhantes a um terno, alguns botões da camisa por baixo estavam abertas e ela fumava seu cigarro tranquilamente, ignorando a dupla e toda a confusão que tinha se iniciado. Seus cabelos ruivos eram os detalhes que mais chamavam a atenção, além dos seus olhos de coloração carmesim.
Antes que o pau começasse uma voz quase que acabou com todo clima criado por Sins – Que porra é essa? Qual de vocês bateu no Sargento? – Gritou.
CORTA PRA CÂMERA DOIS - MATTHEW
O jovem Matthew caminhava tranquilamente pelas ruas de Shells em meio a devaneios e reflexões, julgo que a mais engraçada era sua esperança de manter-se em paz, já que dada sua personalidade explosiva, aquilo com certeza não iria ocorrer. Por viver em Shells não foi difícil para o mancebo encontrar o tal do bar, porém, sua entrada tinha sido temporariamente barrada, pois, cinco marinheiros estavam abarrotados na entrada, brigando para ver quem entraria primeiro.
VOLTA PRA CÂMERA UM
O local estava meio cheio, dois homens estavam cerca de dois metros, taberna adentro – Vou repetir mais uma vez. – Ajeitou sua postura enquanto deslizava sua mão pela grossa barba existente em seu rosto – QUEM BATEU NO SARGENTO? – Seus olhos furiosos olhavam ao redor em busca dos homens com características semelhantes à informada pelos recrutas – VOCÊ. – Gritou novamente apontando para o loiro, que chamou sua atenção de maneira mais rápida – ESTÁ PRESO EM NOME DA LEI. – Esbravejou com orgulho o marinheiro que ostentava seu uniforme limpo e arrumado. Atrás dele, cerca de cinco pessoas entravam em empurrões, ao todo, sete marinheiros se encontravam no salão do bar. Os dois da frente eram os que mais passavam uma sensação de imponência, os cinco pareciam ser meros soldados comuns.
Por último, um jovem entrava também no bar ficando impedido de passar pelos marinheiros que estavam à sua frente, seu cabelo rosa era o que mais chamavam a atenção em sua aparência – Senhor Bernades, o que está acontecendo? – Falou Ajin próximo ao homem, pela sua postura parecia que o mesmo detinha um certo medo daquele homem ou o respeitava de maneira exacerbada, não tinha como saber. Os dois homens – que estavam agora de pé, próximo ao território feito por Joe – continham suas ações com a chegada dos marinheiros. A ruiva arqueava a sobrancelha em meio a uma troca de olhares com o parceiro ao seu lado, que estava com uma espécie de chapéu cobrindo toda sua face. Alguns clientes das mesas instintivamente começavam a ir para os cantos da Taberna, como se sentissem o perigo que os rodeava – SENHOR MARINHEIRO! – Gritou a mulher – AQUELE HOMEM BATEU EM MEU NAMORADO. – Gritou novamente a mulher com o seu marido nos braços – Vocês dois, ajudem ela. – Dois dos homens que estavam atrás correram em auxílio, um deles pela postura tomada na situação dava a entender ter conhecimentos médicos.
Por último, o embate estava prestes a ocorrer – Vocês estão fudidos. – Gritou o homem de cabelos compridos e azuis, ao lado de Bernades. Agora resta saber, quem tomaria a iniciativa? Joe e Boris? O grupo que estava na mesa pareciam sedentos por um belo combate, isso se intensificou com a presença da Marinha, entretanto, a ruiva parecia não estar muito afim de uma baguncinha. Ou será que nosso digníssimo barril de pólvora, chamaria Matthew, iria startar a putaria?