Próximos de Swallow agora, aquela luta chegava a um próximo fim. As terras almejadas por todos os marinheiros naquela embarcação já estava à vista de todos, enchendo os olhos daqueles mais desafortunados de esperança e um pouco de paz. A Lua continuava a sua ascendência pelo céu, iluminando o campo de batalha sangrento e assistindo àquele show de horrores produzido pelos piratas inescrupulosos. Apesar da aparência, os marinheiros possuíam a vantagem naquele lugar. Um dos navios estava naufragando, e as tropas terroristas se aproximavam de um fim graças aos esforços coletivos.
Thorkell, naquela batalha, excedia seus feitos até o momento. Seus colegas de profissão olhavam para ele com um rosto de determinação e paixão pelo serviço diligente prestado pelo gigante. Ele caminhava até seu inimigo jogado no convés após olhar e acenar para a bela moça que passava por ele e partia para cima dos inimigos. Seus passos eram calmos, enquanto o mundo ao seu redor se ouviam apenas gritos e o colidir de metais. O oponente que ele lutara estava entre a consciência e a inconsciência. Seus olhos abertos mostravam respeito pelo oponente, mesmo que não fosse capaz de mostrar isso com palavras.
Após algumas frases que honravam a força de vontade do jovem, Thorkell o nocauteava, poupando a vida do leão, que lhe seria eternamente grato. O navio afundava, enquanto Dragnar olhava para o campo de batalha e começava seu discurso. Todos prestavam atenção em suas palavras e em sua voz imponente, ficando ainda mais admirados com o gigante musculoso. Os soldados que invadiram aquele navio olhavam atentos para aprenderem com o sênior, mesmo que sua patente fosse igual. Apesar da inimizade entre marinheiros e piratas, até mesmo os criminosos ouviam, não satisfeitos com a vida de crime que prometia muito e entregava pouco.
Sua voz, no entanto, era ofuscada por uma outra não muito após o fim do monólogo. Todos viravam suas cabeças ao centro do campo de batalha, onde estava Smith e o capitão dos piratas. Seus cenhos se franziam, mas todos eles passavam a executar as ordens dadas pelo comandante...
[Enquanto isso...]
Pippos, assim como seu parceiro, se excedia no campo de batalha. Seu tamanho era por si só um fator de dominância e que lhe dava uma ampla vantagem sobre os pequenos inimigos com os quais batalhava ferozmente. Os piratas, não perdendo tempo, mandaram um dos seus diversos habilidosos lutadores para pelejar contra o gigante que carregava uma arma imponente. As tentativas e ofensivas do homem eram de qualidade e bem pensadas, mostrando ampla experiência de batalha. A análise de Pippos ajudava contra o homem, mas seu descuido vinha à tona ao receber mais um ferimento após ignorar uma das armas do rapaz.
Percebendo sua situação, o homem não partia para rodeios. Ele analisava seu oponente e o combate, e com seu intelecto e conhecimento de física, preparava o ataque mais forte que lhe era possível. A grande massa metálica girava entre suas mãos e dedos movimentando até o ar ao seu redor, amedrontando internamente o inimigo ofegante que lentamente se levantava daquele pouso forçado. Vendo que ele ficaria ali parado, Pippos partia para o avanço. Seus pés afundavam com a força imposta sobre eles, lhe conferindo mais velocidade ainda, e quando próximo do inimigo, um jogo de blefes começava.
Será que atacaria por uma direção ou outra? Não se tinha certeza. Enquanto o martelo descia utilizando de todas as forças nele acumuladas, o único instinto que o ladino sentia era de se desviar para o lado, assim o fazendo. Pegando sua intenção, Pippão levemente inclinava seu corpo para acertar o pirata, alcançando êxito em seu ataque após uma longa análise. O alvo apenas caía no chão com toda a força, assim como o martelo que rachava parte do chão de madeira da embarcação. O meio-gigante, no meio de sua exaustão, parecia apenas querer deitar no chão e ser tratado, mas outra coisa chamava a sua atenção...
[...]
No centro da batalha, uma luta feroz e apertada acontecia. Do choque das lâminas e armas dos dois combatentes, faíscas se soltavam e ondas de choque eram formadas. Os sons eram quase ensurdecedores para os mais fracos que estivessem perto, e até mesmo o corpo dos combatentes começava a reclamar de tudo aquilo. Ambos encharcados em sangue e ferimentos, mostrando a realidade daquele embate que parecia ser de outro patamar para aqueles presentes ali. Smith e o Capitão pirata iniciavam uma rivalidade que levariam ambos para as alturas mais altas.
Estando agora no meio de um choque de forças, ambos recrutavam tudo de si para manter a briga rolando, quase não prestando atenção ao arredor deles e à situação geral do campo de batalha. Smith, em um ímpeto, recrutava o resto de força que possuía em suas pernas e empurrava aquele barbudo para trás, levantando sua guarda por um breve minuto. Apesar da abertura ser pequena, o espadachim era rápido e treinado. Usando sua lâmina destra, fazia um grande corte com o auxílio de seu tronco, que era desviado por pouco com um recuo.
Aquela recuada, porém, deixava o pirata sem equilíbrio. O Tenente imediatamente abria um grande sorriso, já vendo um possível fim pra batalha que lhe esgotara as forças. Porém, a históra que acontecia era outra. Usando seu pé mais alto, o lanceiro chutava uma das mãos do sargento, retirando seu equilíbrio e seu ataque ao mesmo tempo que caía para a sua derrota. Esse meio tempo era o suficiente para que ele visse a situação do campo de batalha. Para eles: caótica. Como um bom líder, colocava seu povo afrente das suas próprias vontades. Em um ímpeto, ele levantava de sua posição com uma respiração pesada e ofegante, montando guarda e proferindo algumas palavras para Smith.
– Foi uma ótima luta, marinheiro. Cof, Cof. – cuspia um pouco de sangue enquanto recuperava seu fôlego. Usando seu tridente para ficar ereto, proferia uma última palavra.
– A gente ainda vai se encontrar pelos mares, espero ansioso pela nossa próxima batalha. Fique forte. – ele dizia, se jogando ao mar e sendo pego pelos seus subordinados antes que pudesse encostar na água. O seu navio, o maior e mais equipado, não havia sofrido grandes baques como os outros dois.
Chegando no convés, ele se preparava e anunciava o mais alto que podia:
– Recuar! – sua imponente voz retumbava pelo campo de batalha chamando a atenção de tudo e de todos, que sem hesitar, seguiam as ordens de seu comandante. Ele deixava uma das embarcações lá com alguns inimigos que eram rapidamente apreendidos, enquanto a mesma naufragava pelas ações de Thorkell. Como um último cumprimento, o rapaz curvava sua coluna como se fosse um grande músico em uma apresntação. Suas expectativas estavam no alto, e, mesmo em uma situação complicada, Smith também queria mais uma vez combater com este que aguentara seus poderosos ataques.
[...]
Com o fim da batalha, todos eram cuidadosamente cuidados e tratados enquanto o navio não atracava no porto de Swallow naquela noite enluarada. Alguns soldados conversavam sobre o que acabara de ocorrer, enquanto outros limpavam sangue e corpos dos mais desafortunados. Thorkell e Pippos eram o centro de algumas conversas, exaltando os mesmos ou até mesmo esnobando em inveja. Smith, após um longo tratamento e cuidado, ia conversar com os dois sobre a luta. O destino daqueles três daqui para a frente estaria emaranhado como um longo fio.
– Vocês dois foram melhores do que eu imaginei na batalha de hoje. Deram um bom exemplo de como os soldados devem ser. – ele começava, ao sentar próximo dos dois.
– Eu tive uma batalha complicada, mas que me abriu os olhos... – pausava olhando para o chão, em pensamento.
– Eu quero ficar mais forte. Eu preciso ficar mais forte. – anunciava, levantando sua cabeça em um ímpeto e determinação.
– Se os dois se sentem da mesma maneira, espero que possamos trilhar esse caminho juntos. – completava, despretencioso.
Sua fala, porém, não acabava por aí. Assim que o navio atracava no porto e os primeiros soldados começavam a descer, ele se levantava e dizia mais algumas palavras para os dois, mesmo que sua altura não fosse compatível com a dos gigantes.
– O tempo chegou, e vocês vão finalmente ser recompensados. Parabéns, vocês agora são oficialmente Cabos da Marinha, a maior organização do mundo! – sua fala era carismática e envelopada em animação.
– Continuem mostrando essa animação e empenho, que logo virarão sargentos e poderão subir nas patentes. – afirmava, virando as costas de sua maneira familiar e indo para seus aposentos, se arrumar para então descer daquele gigantesco barco; a noite era uma criança.