Operação T.N.C.T.O.N.I.

A viagem continuava seguindo rumo a sua próxima etapa. Lvneel não ficava muito longe dali, pelo visto as coisas ocorreriam com tranquilidade do inicio ao fim, pelo menos era essa a sensação que o trajeto passava naquele momento. Após algumas palavras, o trio assumia a responsabilidade pela vigia, tendo o restante do grupo ido em diferentes direções e bom, não é como se eles pudessem ir muito longe. De qualquer forma, Chocho estava no mastro, observando sua volta com atenção em busca de uma possível embarcação inimiga, que no momento não se mostrava nas águas escuras do mar do norte. A embarcação em si não era das maiores, mas o pequeno “plano” dava certo e o trio conseguia cobrir com certa facilidade todo o perímetro, diminuindo as chances de serem pegas desprevenidas.

Mei chegava até os dormitórios sem muita dificuldade, vendo um espaço amplo com cerca de seis beliches, colchões grossos e que pareciam confortáveis, diferente do último navio que viajaram. Eliene por sua vez não estava cansada, no entanto, não tinha com quem conversar naquele momento e caminhava sem destino pelos andares inferiores do navio. A garota passou pela porta aberta do dormitório, vendo Mei e outras três pessoas deitadas em suas respectivas camas, sendo que uma delas parecia acordada, fazendo... anotações? É, pelo jeito era isso mesmo. O interior do navio não contava com muitas alas, contando com apenas mais 3 câmaras além do dormitório: a segunda encontrada era a cozinha, bem ampla e contava com um número considerável de itens a disposição, assim como as prateleiras e armários estavam visivelmente cheios. O terceiro cômodo era uma espécie de mini biblioteca, pelo jeito o dono daquele navio gostava de ler, mas não parecia ser o caso de Mark, pelo jeito outra pessoa era responsável por aquele lugar. A última área estava trancada, um cadeado grande junto a uma corrente grossa metálica estava impedido a abertura da porta, mas ninguém estava vigiando aquele local. Por fim, o navio acabava com a passagem para o deck inferior, um alçapão de madeira com um gancho dourado para ser usado na abertura do lugar, mas lá não restava nada além de uma imensa escuridão - Entediada? – Indagou um homem surgindo das sombras, ele estava encostado em um pequeno “declive” na parede, sendo coberto pela escuridão causada pelas lamparinas naquele corredor, era Mark – Ou está procurando por algo? – Indagou o barbudo erguendo uma das suas sobrancelhas.

Elizabeth estava um pouco incomodada com toda situação dos prisioneiros, claramente era contra aquele tipo de conduta, porém, sabia que o governo não limitava seus meios em busca do que fosse necessário. Enquanto estava por ali observando e analisando toda situação, notou que Jon parecia querer falar algo com ela, dando uma deixa com palavras simples para que saíssem dali. Um lugar vazio? O único encontrado pela dupla era a cozinha, já que o dormitório contava com algumas pessoas e a área mais a frente estava com duas existências próximas, aqueles eram Eliene e Mark, uma visão que talvez pudesse soar estranha para mulher. De qualquer modo, quando estavam devidamente sozinhos e longe dos ouvidos curiosos de terceiros, a garota começou a falar – Acho que não vai ter nada não. – Respondeu Jon com uma certa tranquilidade – Pelo menos sabemos que os criminosos estão aqui, na verdade, será que eles são os verdadeiros? Talvez são outras pessoas que apenas pegaram para usar como um “laranja”? – Completou o homem pensativo – Algo ainda me cheira estranho, tudo está muito tranquilo, você não acha? – Falou o homem olhando em direção a porta – E aqueles dois ali? – Finalizando apontando com a cabeça para o corredor, indicando está falando de Mark e a jovem garota.

Enfim, voltando para o convés onde o trio estava realizando a segurança, como supracitado a viagem estava tranquila e sem muitas adversidades, permanecendo da mesma forma por alguns minutos, cerca de trinta ou um pouco mais. Quanto mais perto estavam do destino, maior era a quantidade de nuvens no céu e aos poucos – principalmente Chocho – pode-se ver que uma grande tempestade estava no caminho traçado pela embarcação. A ventania passava com selvageria pelo convés, mostrando o quão perigosa aquela tempestade poderia ser sem o manuseio hábil de um navegador, que por sinal, era quem? De certo, algum dos membros naquela missão carregava em seu interior as habilidades necessárias para conduzir o navio, afinal, eles não teriam chegado tão longe. De qualquer modo, não demorou para que a embarcação entrasse no domínio da tempestade, a chuva estava intensa e os relâmpagos e trovões deram suas caras com ferocidade. Por fim, o trio pode ver com clareza e praticamente ao mesmo tempo algo estranho, eram embarcações? Uma silhueta estranha rodeava o navio com uma cerca distância, juntando com a chuva forte o único momento que poderiam ter uma visão um pouco melhor eram quando os clarões iluminavam o céu. No entanto, não passavam de silhuetas que poderiam ser apenas uma impressão ou não. Elas pagariam para ver? Ou avisariam a um dos superiores?

A tempestade aumentou gradativamente sua intensidade com o passar do tempo, sendo este extremamente curto. De qualquer modo, alertar toda a tripulação e principalmente os superiores foram ações inteligentes tomadas pelas Agentes, a jovem Aiko ficou responsável por atualizar Mark da situação, enquanto Chocho estava amarrada por uma corda observando todo o desenrolar dos fatos. Zansa estava de olho também, mantendo sua atenção nas alturas enquanto tentava observar aquelas estranhas silhuetas que rondavam o navio. Os clarões iluminavam o céu, porém mantinham a silhueta das embarcações escondidas pela forte chuva que despencava do céu, no entanto, algo era nítido para as garotas que permaneceram na vigia: aqueles barcos eram reais.

O interior da embarcação estava de certa forma movimentada, Eliene, Elizabeth estavam em situações diferentes, enquanto Mei conseguiu dormir por poucos minutos, já que foi despertada pelos gritos intensos de Chocho, seguidos pelos passos velozes daqueles que estavam no dormitório descansando. Mark por sua vez ouvia as palavras de Eliene – Entendo, tudo bem. – Falou o homem de maneira tranquila, tendo sua expressão alterada para a nítida preocupação no momento em que escutou os gritos de aviso da sua subordinada, vendo logo em seguida Aiko chegando com velocidade em sua direção – Silhuetas? Não, a tempestade não impediria de verem dessa forma que está falando… – Bradou o homem pensativo – Vamos! – Concluiu acelerando seus passos em seguida na direção do convés – Fiquem de guarda, não deixe ninguém passar. – Falou Amanda surgindo sabe lá onde, ela estava com um olhar sério em sua face e rapidamente seguiu rumo ao convés.

Na parte superior a situação estava complicada, não apenas por conta da presença daquelas aparições estranhas... a tempestade estava jogando o barco de um lado para o outro, forçando um manejo por parte do navegador e outros Agentes que faziam o papel de tripulantes naquele momento, abrindo e fechando as velas seguindo as ordens da figura. Mark por sua vez chegava ao convés, sendo recepcionado por uma forte onda que bateu no casco e resvalou grande parte sobre o homem e Aiko, que já estava mais do que molhada naquele momento. O barbudo observou os arredores, notando a presença das silhuetas principalmente quando o céu era iluminado pela força da natureza – Então ele realmente está aqui... – Deixou escapar aquelas palavras com um sorriso no rosto, a animação parecia percorrer todo o seu corpo – Mas ele não irá atacar, não... não aqui. – Mark continuava falando sozinho, sendo audível para Aiko, Zansa, Eliene e Mei (as últimas se acompanhassem o restante do grupo), as únicas que não conseguiam escutar as palavras do homem eram Chocho e Elizabeth, ambas por conta da distância entre a posição atual delas e o homem.

Por mais alguns segundos ele permaneceu observando, começando por fim a tirar a luva que cobria sua mão direita. O brilho no céu refletiu no material metálico existente no lugar da sua mão, era notável que aquele braço não era humano, pelo jeito o homem tinha partes robóticas em sua estrutura – Tem certeza? Não tem muito para repor. – Alertou Amanda se aproximando do homem que firmava uma base mais aberta, mantendo seus joelhos flexionados e apontando sua mão na direção de uma das silhuetas – Sim, ele não irá atacar aqui, se fosse fazer já estaríamos em combate...Quero apenas dar um aviso. – Falou Mark com um sorriso no rosto. Sua mão começou a liberar sons de um maquinário pesado, seus dedos se contorceram e colaram no torso da sua mão, que também se abriu mostrando uma espécie de buraco, como a ponta de um canhão. Waller deu cerca de três passos para trás, enquanto um brilho amarelado surgia do lugar onde ficava a mão de Mark, uma energia estranha se reunia naquele ponto. Não demorou para que um único disparo acontecesse, uma espécie de laser ou o mais próximo disso era lançado do Agente Sênior em direção a uma das silhuetas.

Quando o ataque alcançou a embarcação inimiga, essa se desfez em névoa, sendo que o som de explosão se entrelaçam com os barulhos pesados dos trovões que cortavam o céu – Pronto, agora ele está ciente. – Falou Mark ficando de pé e assumindo uma postura relativamente relaxada, tendo sua mão metálica voltado ao formato de uma mão comum – Acredito que ele vá fazer algo em Lvneel, a questão é: por que se revelar dessa maneira? Seria muito mais fácil se conseguisse chegar na surdina. Tem alguma sugestão, Amanda? – Indagou o homem levando sua mão ao queixo, nitidamente confuso com tudo aquilo que estava acontecendo.

A tempestade continuava intensa, alguns dos agentes no convés eram lançados de um lado para o outro, mostrando o poder da fúria da mãe natureza, mostrando o quão atenciosas aquelas que permanecessem no convés deveriam ser, para que não sofressem danos significativos. Waller permaneceu calada, sem nenhuma opinião para adicionar – Irei avisar ao QG em Lvneel. – Foram as únicas palavras lançadas pela mulher naquele momento – Precisamos de ajuda! Travem as velas, a corda se rompeu! Me ajudem a segurar o leme, ele está girando e se continuar assim nosso curso será mudado! Você ai em cima!! Consegue liberar o nó que prende nossa segunda vela? Se pendure pela madeira do mastro. – Gritou Edward – Vamos, algumas de vocês ajudem ele. Outras fiquem de olho só por precaução, estarei por aqui observando também. – Falou Stronoff.

Por fim, Elizabeth estava tranquila, nenhuma figura surgia ou muito menos tentava algo de estranho, pelo jeito a segurança dos prisioneiros continuariam intacta. Isso é, se ela tivesse obedecido a ordem direta da sua superior e permanecido protegendo os criminosos. Entretanto, no caso da jovem dar uma de desobediente, notaria que no convés todas as faces listadas estavam ali, inclusive Jon que tinha nítidas suspeitas sobre tudo aquilo. Enfim, quando toda a poeira baixou, a tranquilidade voltou a reinar naquele ambiente interior, deixando as suspeitas para o pessoal que permaneceu no convés, já que a preocupação com um ataque inimigo ainda era existente, mesmo que Mark acreditasse que não ocorreria.