Dr. Kraus

Kraus nasceu no South Blue, filho de migrantes de Zou. Sua família enfrentou intenso preconceito por parte das populações humanas, o que os forçou a levar uma vida nômade. Tal estilo de vida resultou em empregos temporários e mal remunerados para seus pais, tornando a sobrevivência familiar bastante desafiadora.

Após vagarem por várias ilhas, quando Kraus completou 10 anos, ele e seus pais se estabeleceram no reino de Goa, no East Blue. Com o tempo, o preconceito diminuiu, especialmente em uma cidade portuária acostumada à presença de Minks, o que tornou a vida deles um pouco mais suportável.

No entanto, um surto de tuberculose assolou o reino, vitimando milhares de pessoas, incluindo a família de Kraus. Por serem pobres, foram internados em uma instalação médica popular, desprovida das condições necessárias. Nessa situação, os pais de Kraus faleceram, mas miraculosamente o jovem mink sobreviveu.

Porém, a vida de Kraus piorou tanto após isso que ele desejou ter partido junto aos seus pais. Órfão e desamparado, foi forçado a viver no Terminal Cinza, mergulhando na criminalidade para sobreviver.

Apesar do ambiente hostil, Kraus preservou parte de sua infância, encontrando refúgio na ciência ao se deparar com exemplares de um famoso quadrinho chamado “Sora, o Guerreiro do Mar”. Diferentemente de outros meninos dos Terminal Cinza, seu personagem favorito não era o herói Sora, mas sim os vilões da Germa 66, um reino que utilizava ciência como arma. Eles usavam invenções científicas de uma forma tão criativa que desafiava o limite do crível, parecendo magia muitas das vezes, o que deixava o pequeno Kraus fascinado.

Esse amor pela tecnologia fez com que ele começasse a colecionar brinquedos de robôs que encontrava abandonados no lixão do Terminal cinza, mantendo essa coleção mesmo crescendo um pouco para além da idade em que os meninos brincavam com brinquedos. E foi por isso que, aos 14 anos, bandidos da montanha importunaram o garoto por estar brincando com bonequinhos, caçoando do menino. Sem poder se defender, Kraus só pode ranger os dentes e aguentar, chorando, enquanto pedia que eles parassem com aquilo.

Porém, do nada, um homem vestido estranhamente apareceu e derrotou os bandidos com uma granada que ao explodir deixou todos paralisados (inclusive Kraus). Esse homem achou um absurdo aqueles adultos estarem mexendo com uma criança e devolveu os brinquedos para Kraus, se apresentando como o Pirata-Cientista Tonnew.

Tonnew era um homem extravagante. Suas roupas eram chamativas, suas armas e engenhocas estranhas e ele tinha uma legião de seguidores que o amavam. Além disso, era um pirata com certa notoriedade no East Blue, tendo uma recompensa de 30.000.000 berries por sua cabeça. Ele estava de passagem em Goa para reabastecer os mantimentos do seu navio e zarpar novamente para o mar.

Ele e Kraus desenvolveram uma profunda amizade, com o jovem mink adorando o pirata que encarnava tudo aquilo que o menino sempre mais gostou na vida. Eventualmente, Kraus ingressou no bando de Tonnew como aprendiz, iniciando sua vida como pirata.

Ele navegou 5 anos ao lado do seu capitão, explorando todo o East Blue e participando de várias batalhas. O mink aprendeu a lutar com o seu capitão, Tonnew, e também com o imediato do bando, o rabugento Windar. E não era só técnicas de batalha que estavam nos ensinamentos do aprendiz de pirata, mas também conhecimentos científicos para a confecção de armas e instrumentos de suporte.

Apesar de Tonnew ser bem respeitado por seu bando, havia uma coisa que fazia com que todos rissem da cara dele, que era a sua ambição. Tonnew dizia que ouviu falar de seu pai que no passado existiu um reino com uma tecnologia tão avançada que parecia até mágica, e ele queria descobrir mais sobre esse reino para incorporar os conhecimentos técnicos nas suas próprias invenções. Entretanto, o bando inteiro via aquilo como uma história infantil que o capitão acabou levando a sério demais. Uma lenda, tal como o One Piece. E Kraus, como era criança, era um dos poucos que acreditavam no capitão, mas não falava em voz alta com receio de ser ridicularizado pelos membros do bando.

Tonnew levava a ridicularização na brincadeira, como se fossem amigos enchendo o saco um do outro, mas ele se mantinha fiel em seu sonho.

Como foi dito, foram cinco anos em que Kraus navegou nesse navio, pois quando ele ia começar o sexto, algo horrível aconteceu. O Comodoro da marinha Ringo fez uma emboscada para os piratas, dizimando-os em uma batalha que durou uma noite inteira. Tonnew e outros membros oficiais foram mortos, e os remanescentes fugiram, cada um para um canto. Era o fim dos Piratas Científicos.

Kraus ficou muito abalado com a morte de seu capitão e mestre, o que fez ele perder completamente o interesse de continuar como um pirata. Como a única coisa que sabia fazer era ciência, ele começou a trabalhar para o submundo, vendendo seu conhecimento para a fabricação de armas.

Os anos foram passando e Kraus ganhou até que uma certa notoriedade, conseguindo muito dinheiro com esse trabalho. Essa fama acabou chamando a atenção de um nome grande, Victorio Blanco, um dos imperadores do submundo conhecido como “O Coveiro”. A proposta que esse líder criminoso fez para Kraus foi boa demais para ele negar: uma grana preta para que o mink se tornasse um dos seus principais cérebros cientistas.

E foi nesse período que começou um momento de abundância na vida de Kraus que ele jamais viu antes. Ele ficou ainda mais famoso, conseguiu alguns seguidores, mulheres que frequentavam os lugares do submundo adoravam ele e sua personalidade arguta e ele conheceu o que é viver com prestígio.

Porém com a grana veio a ganância e o macaco-cientista começou a gastar muito consigo mesmo, com suas festas, o que fazia faltar dinheiro para suas invenções. E ai que ele teve uma ideia que pareceu genial na época, porém que acabou sendo a sua perdição: pedir dinheiro emprestado para Victorio.

Victorio não pestanejou. Emprestou 50.000.000 berries para o cientista. Porém esse dinheiro acabou subindo na cabeça do macaco, que acabou comendo e bebendo todo esse dinheiro, não conseguindo revertê-lo para meios que dessem lucro.

Endividado, Victorio deu a Kraus duas opções: a morte ou um pagamento com trabalho. É óbvio que o cientista escolheu a segunda opção, o que iniciou o período mais tenebroso de toda sua vida. Kraus trabalhava horas a fio, todos os dias, confeccionando armas. O trabalho repetitivo e os juros da dívida drenaram toda a energia do mink, deixando-o quase como um zumbi que só se preocupava em trabalhar para não morrer.

Foram alguns anos trabalhando dessa forma até que ele finalmente pagou sua dívida. Livre desse inferno, ele cortou laços com Victorio, ficando sem emprego. Ele já não aguentava mais a ciência, só de pensar em trabalhar com isso ele sentia calafrios por todo seu corpo. Ele estava cansado, depressivo e sem energia até mesmo para virar um pirata. Tornou-se então um andarilho, pobre, sujo e esperando até o dia em que sua vida chegaria ao fim.

Nessa vida miserável, um dia ele estava gastando o pouco dinheiro que tinha em um bar e acabou trombando com Windar, o antigo imediato do seu bando. Ambos ficaram bem animados com o encontro e cada um contou o que aconteceu com eles desde o fatídico dia em que os Piratas Científicos foram derrotados. Windar informou que ele continuou como pirata e chegou até o Novo Mundo, mas que em alguns meses navegando por aquele mar, ele acabou desistindo da vida como pirata, pois ele ainda tinha família no East Blue e não queria morrer em um lugar infernal como aquele.

O ex-imediato percebeu também o poço em que seu aprendiz estava e tentou dar-lhe algumas palavras de conforto, porém os olhos do macaco-cientista já não tinham brilho algum. Eles se abraçaram e prepararam-se para se despedir, mas Windar falou algo que eriçou todos os pelos do corpo de Kraus. Algo que esfriou sua barriga, como se ele estivesse despencado de um penhasco.

“Ah, você lembra das histórias sobre o Reino Antigo que Tonnew falava? Ha, você não vai acreditar, o maldito estava certo. Eu encontrei uns caras no Novo Mundo que conseguiam ler umas pedras enormes que contavam a história desse reino. Mas olha, fica entre a gente isso daqui, fiquei sabendo que o pessoal do Governo Mundial não gosta muito que as pessoas fiquem indo atrás desse assunto…” Disse Windar, batendo nas costas de Kraus e saindo do bar.

Naquele momento, Kraus sentiu que uma faísca voltou a brilhar em seu peito que já estava frio por conta dos últimos acontecimentos da sua vida. O sonho do seu mestre era verdade. O mesmo sonho que se alinhava com o que Kraus, desde criança, sempre admirou na ciência: a capacidade de ultrapassar os limites. E era esse sonho tudo o que Kraus precisava para se arrastar para fora da depressão em que ele estava.

O mink então começa suas preparações para voltar à vida de pirata. Ele pega o pouco dinheiro que tem e compra algumas roupas que pareciam as extravagantes roupas que o seu capitão usava. Além disso, ele também se compromete a construir um bando como o deu seu capitão. Todos aqueles anos de sufocamento da sua personalidade que ocorreram enquanto ele trabalhava para Victorio foram apagados. Estava de volta de novo o Kraus animado, sonhador e ambicioso de sempre.

Como não estava com muito dinheiro, teve que pegar uma carona para a Grand Line. Sim, ele decidiu ir diretamente para a Grand Line recomeçar sua carreira como pirata. Entretanto, um acidente com o navio em que ele estava fez com que ele naufrasse no Farol. Agora, ele precisa encontrar um jeito de sair dali e traçar o caminho que o destino tem escrito para ele.