A conversa havia sido interrompida, mas esperava que ela tivesse uma continuação posteriormente seria muito importante para Aiko. Desabafar é sempre bom para ajudar no equilíbrio mental, o que consequentemente afeta também o físico, principalmente na coordenação dos movimentos. Não que eu me considere uma especialista nesse tipo de assunto, mas queria ajudar da melhor maneira possível a tentar superar o seu trauma, um processo que a única coisa que tinha certeza era que seria longo.

Um silêncio momentâneo se instaurou entre nós com a chegada de Tirso, este nos levava até a área externa do QG na parte de trás do edifício. Seria ali que eu poderia começar a aprender sobre os tais rokushiki, ele me dizia que poderia aprender primeiramente o tekkai, que se encaixava na indicação que havia pedido. Esses momentos de treinamento me faziam lembrar do meu pai e todos os instantes que havíamos passado juntos, horas árduas de trabalho duro. Não me esqueceria dos ensinamentos valiosos que ele repetia diversas vezes até que estivessem totalmente memorizados e eu repetiria esses procedimentos antes de partir para o que realmente importava.

~Treinamento Tekkai~

Pelo que havia entendido essa técnica não envolvia movimentos complexos, mas sim a utilização ao máximo dos meus músculos para endurecê-los no momento certo. Sendo ainda mais precisa, não existia a utilização de movimentos para utilizar o Tekkai, era uma situação onde deveria ficar totalmente parada para “absorver” o ataque físico de um oponente.

Tendo isso em mente, meu treino seria totalmente focado no fortalecimento muscular já que tendo mais força nesse quesito me faria ter mais êxito na utilização do Tekkai. Pesos, flexões, abdominais e etc, utilizaria tudo que estivesse ao meu alcance para melhorar o meu condicionamento físico realizando várias repetições durante esse processo. Após empreender um bom tempo nessa parte, pararia para um intervalo onde utilizaria algumas diferentes técnicas de respiração para retomar um pouco do fôlego antes de ir para a parte final do meu treinamento.

Nessa segunda metade partiria para a utilização da técnica em si, mas logicamente precisaria do auxílio de alguma pessoa próxima. Olharia meus arredores e explicaria a situação para qualquer um que estivesse por ali e que obviamente estivesse disposto a me ajudar. Também falaria com Tirso para que ele fizesse uma demonstração para que eu pudesse ter um exemplo concreto e com isso poderia aplicar de uma forma condizente. Com isso, prosseguiria nessa parte por mais horas até que enfim conseguisse realizar a técnica de maneira satisfatória em um momento inicial, já que poderia aperfeiçoá-la posteriormente.

                                                       ~Fim do Treinamento~

Pararia de treinar um pouco antes do início da noite, já que havia sido nos dada uma missão noturna e teria de me preparar adequadamente para tal. Mas antes de deixar o local do treinamento faria algumas perguntas para Tirso - Assumo que a escolha de roupa fica ao nosso critério, certo? perguntaria com um quê de esperança, afinal não queria depender de outras pessoas nessa questão - Quando partiremos? falaria pouco tempo depois de ouvir a resposta do meu primeiro questionamento.

Após ouvir as respostas, seguiria para o vestiário onde tomaria um bom banho para retirar o cansaço do corpo - Certo, então estarei de volta na hora certa para o início da missão diria enquanto rumava para a saída do ambiente. Observaria a situação de Aiko e faria um sinal com a mão para chamá-la para ir juntamente comigo - Vai agora também? falaria enquanto continuava a caminhar.

A minha colega começava a expor o seu próprio passado e parecia admitir que eu estava certa. Bem, era o caminho natural, aos poucos Mei-chan começaria a enxergar a verdade. Claro, ela ainda não aceitava por completo e por isso falava que o meu caso era único. Um dia, quem sabe, ela perceberia que a mãe dela a enganava. Isso teria que ficar para depois, pois o nosso instrutor chegou.

Ouvindo nossos pedidos, ele acabava informando que iriamos treinar a minha agilidade. Começava a me aquecer enquanto ele dava as primeiras instruções para Mei.

Treino Kami-e
Quando chegou a minha vez, o instrutor primeiro demonstrou como funcionava a técnica. Ficava boquiaberta. Tentei imitar de primeira e a única coisa que tenho certeza é que parecia provavelmente uma vareta que haviam batido com muita força e estava tremendo.

Sem entender exatamente como funcionava no começo, começava a tentar me desdobrar e parecia só que ia deslocar todo o meu corpo sem querer. Houve momentos que realmente achava que havia deslocado. Tirso acabava passando mais algumas dicas e aos poucos tentava movimentar o braço, parecia que parava de ser algo como alguém que fazia alguma dança de onda, com mais um papel, como era para ser.

Como o meu treinamento não daria muito certo com o de Mei, que precisava apanhar, acabava pedindo para ele mesmo, ou qualquer outra pessoa que houvesse por ali, para tentar me acertar. Em geral conseguiam e por isso não sabia dizer se comecei a desviar porque iam pegando leve, afinal, só queriam certificar de que conseguia realizar o movimento, ou se estava realmente conseguindo fazer aquele movimento estranho com meu corpo.
Fim do treino
Quando o treino acabasse, ouviria minha colega. — Mas já vamos nos preparar? Não dá para treinar mais? — perguntaria sem entender olhando para o céu ou alguma janela aberta, quanto tempo passamos treinando? Se fosse realmente bem tarde. — Ok, vamos lá, um bom banho e comer antes de ir também é essencial — falaria, já que teríamos ficado o dia todo sem comer.

Havia deixado o superior impressionado? Acho que era a primeira vez que alguém ficava impressionado. Agradecia a disponibilidade dele no dia seguinte já de forma antecipada. E agora tinha certeza de que precisava cumprir a missão com perfeição.

O banho foi ótimo e em seguida estava na cozinha, já olhando para toda aquela comida a disposição. — O que você quer? — perguntava para ela já me preparando para cozinhar. — Lembrando que não precisa ter aqui, se quiser posso surgir com ela... mas não sei o que você poderia inventar — falaria para ela olhando para minha colega, infelizmente, estávamos com máscara como sempre, então olhar para ela era meio inútil. Acabava olhando de novo para a dispensa, estava abarrotada.

Se Mei-chan não pedisse nada absurdo, começaria a cozinhar o que ela havia pedido. Caso algo estivesse faltando na dispensa, o que eu duvido muito, pediria para ela pegar algum item por aí que parecesse dispensável e o transformaria no que faltasse.

Enquanto cozinhava estava na dúvida se começaria uma conversa com Mei ou não, a nossa última conversa foi bem diferenciada. Ela claramente não queria enxergar a verdade, e não sei se consigo mostrar para ela sabendo o que sei. Só conseguia ver a gente discutir infinitamente. Antes de voltarmos a algo tão particular quanto aquilo, seria melhor saber mais dela. — Mei-chan, se me permite perguntar, por que você quis virar uma agente?

Se ela acabasse me perguntando a mesma coisa, acabaria respondendo de forma automática. — Quero prender a minha mãe — nesse momento perceberia que acabaria voltando para o assunto mesmo sem querer. Mas não falaria mais do que isso no momento, só se ela mesma quisesse se aprofundar.

Caso ela só respondesse, acabaria perguntando mais, caso não estivesse em conjunto com a resposta anterior. — E você tem algum objetivo maior como agente? — perguntaria. — Ou só tá deixando a vida te levar? — era algo que acabava me fazendo pensar um pouco. O que eu faria após prender a minha mãe?

Ao finalizar o treinamento nosso superior parecia estar impressionado com a dedicação que havíamos demonstrado - Pode ter certeza que se depender de mim, ela será faria uma menção sorridente a missão. Nesse meio tempo ele também me pedia para ter calma, meus questionamentos seriam respondidos posteriormente, o momento atual serviria para relaxar e alimentação. Não que fosse alterar muito o caminhar das coisas, já que havia planejado realmente fazer o que ele tinha aconselhado.

Tomar um banho relaxante após um treino cansativo era como retirar uma grande quantidade de pesos das costas - Ufa soltava um suspiro após sair do banheiro. O refeitório estava incrivelmente vazio, até mesmo sem cozinheiros, pelo horário acreditava que poderia ao menos ter um grupo de pessoas por ali, um ledo engano. Aiko aproveitava para me perguntar algo que eu queria - Bem, acho que você não saberia… alguma comida típica de Shan era basicamente impossível para ela reconhecer, então teria de pensar em outra coisa - Que tal uma sopa de legumes com carne? confesso que não sou tão criativa assim.

O questionamento de Aiko a seguir me deixava um tanto que curiosa e mesmo que ela não pudesse ver minhas expressões por conta da máscara ainda assim reagiria - Bem, já contei uma parte dessa história anteriormente riria em seguida - Mas enfim, não vou ser mentirosa aqui e dizer que foi por causa de alguma causa nobre ou qualquer coisa do tipo diria inicialmente. Apesar de ter um profundo ódio de criminosos, somente eles não seriam suficientes para se tornar a força motriz da minha carreira como agente. Na realidade, facilmente poderia que o amor havia me trazido até aqui - Eu quase fui a regente da minha ilha natal, mas uma mulher chamada Annerose mudou completamente os rumos da minha vida após uma longa pausa voltaria a falar - Ela me mostrou um estilo de viver totalmente diferente e isso me fez querer ser um pouco como ela não me apronfundaria tanto assim no assunto.

Depois desse momento acabaria ficando mais um tempo pensativa, estava ali como agente por desejo próprio, porém meu maior anseio estava somente relacionado a Annerose - E você? segundos mais tarde balançaria a cabeça afastando muitos pensamentos. A resposta de Aiko não poderia ser diferente, a relação de ódio com a mãe dela provavelmente ia muito mais além do que estava imaginando - É, gostei disso “deixar a vida me levar” estava realmente enquadrada nessa parte - Fora reencontrá-la não tenho nada em mente, então posso dizer que estou seguindo o fluxo sorria por debaixo da máscara. Não precisava ficar tão centrada nessas coisas de o que queria ser como agente - Jìxù yóuyǒng falaria pra mim mesma diminuindo o tom da minha voz.

Minha colega começava a falar um pouco mais do passado dela, comentava sobre uma mulher chamada Annerose, que a ensinou todo um modo de viver. — Acho que tive algo parecido com os marinheiros que cuidaram de mim após os meus pais — comentava logo após ela, porém ela parecia pensativa.

Enquanto cozinhava, acabava vendo que ela me perguntava sobre objetivo maior. — Após prender a minha mãe? — perguntava, mais para dar um tempo de pensar do que realmente querer uma resposta. No entanto, não tive tempo real de pensar nisso, acabava notando outra presença no local.

Era uma mulher, como todo mundo, usava máscara, ficava difícil de saber como ela era ou estava. — Claro — diria sem pestanejar deixando desvanecer quaisquer ideias que existiam sobre o objetivo maior. — Pode me chamar de Aiko — comentaria. — Já já fica pronto e podemos comer — diria. — Você é daqui de Masquerade? — perguntava curiosa, como será que funcionaria isso no dia a dia? Os pais não viam os rostos de seus filhos? Queria fazer várias perguntas. — Acabamos de chegar — falava indicando com a minha mão para Meifeng. — Vocês vão revezando as máscaras? — perguntaria se ela indicasse que já estava ali tinha um tempo.

Quando a comida ficasse pronta, serviria para todas nós e entre garfadas e colheradas ouviria se ela tinha algo para falar. — Você é uma agente da CP5? — Ainda não havia sido transferida para a divisão superior, isso me deixava um pouco inquieta. — Acho que vamos ser transferidas daqui a pouco — comentaria provavelmente não escondendo a excitação em minha voz. — Aqui acontecem muitas missões? — perguntaria se ela tivesse indicado que estava ali a um tempo torcendo para ser uma resposta positiva, mais missões, mais rápido para subir. Caso não indicasse, perguntaria invés disso. — Viemos do North Blue, e você? — perguntaria, para passar um pouco o tempo.