Eu já estava começando a me acostumar com a ilha de Hasagt Altai. Como eu passei a maior parte da minha carreira em Sirarossa, que é um lugar bem urbanizado. Pode-se dizer que eu gosto bastante daquele ar de cidade grande, algo que apesar de tudo, nunca tinha perdido. Eu frequentemente me pegava sentindo nostalgia por aquele tipo de ambiente, e logo decidi que valia a tentativa perguntar ao Silva, meu superior, se existia a possibilidade dele me transferir para uma ilha com alguma grande cidade onde eu possa continuar meu trabalho em prol do distrito. Eu imaginei que me divertiria mais em um lugar desse tipo, e sem falar no fato de que a presença de mais pessoas significa mais clientes. Seria com certeza um passo a mais em direção ao meu objetivo de me livrar da perseguição do otário do Barzini e cortar o pescoço dele de uma vez por todas.

Assim que tivesse a chance, caso estivesse com minha irmã e melhor amiga, iria junto de Bell e Izzy, para o escritório do meu chefe, o Silva, na intenção de fazer aquele pequeno pedido. Se por acaso estivesse sozinha, iria apenas eu mesma. Faria meu caminho até o local sem muita preocupação, e caso ele estivesse disposto a me receber, imediatamente faria um sorriso beem amigável. - Oi, chefe! - Daria uma piscadela ao cumprimentá-lo. - Como você está? - Faria mais aquela pergunta, em um tom bem casual, afinal eu já conhecia o chefe Silva tem um bom tempo.

Depois de trocar os cumprimentos, iria direto ao ponto, mas ainda sem mudar o tom de fala. - Chefe, eu gostei bastante de trabalhar aqui na ilha e tal… Mas acho que meus talentos seriam melhor aproveitados em uma ilha maior, com uma população mais densa, grandes cidades, o Sr. me entende né? - Buscaria usar minhas habilidades sociais para persuadi-lo a fazer o que eu tava pedindo. - O Sr. poderia me transferir para alguma grande cidade onde o nosso distrito tem presença? - Faria o pedido, cruzando as mãos e fazendo uma expressão de "coitadinha". Esperaria então a resposta dele antes de fazer qualquer outra coisa.

"Nossa, essa foi bem fácil." Pensei, logo depois de terminar de ouvir as respostas de Silva. Não que eu, tendo todos os meus "atributos", geralmente tivesse dificuldade de conseguir que homens fizessem o que eu quero, mas dessa vez aparentemente a sorte também estava do meu lado. Pelo visto, eu iria ser colocada no serviço de proteção de alguma mercadoria vinda de alto mar, e isso me levaria para alguma outra ilha que talvez fosse mais adequada para que eu tirasse total proveito de minhas habilidades. No primeiro momento eu fiquei um pouco surpresa pela facilidade, mas logo concluí que o chefe deveria estar fazendo isso como algum tipo de recompensa pelo meu bom desempenho nos últimos serviços que fiz pra ele. Fazia total sentido.

Eu deveria esperar na casa de massagens junto com Izzy e Bell até que um dos homens do chefe fizesse contato conosco e repassasse mais informações sobre o serviço. Por enquanto nada de outro mundo, era algo que já dava para nós imediatamente irmos fazer. Antes de tudo, porém, eu precisava esclarecer uma coisinha: - Como vou identificar quem é o seu contato? - Questionaria, para então aguardar a resposta do meu superior. - Caso isso fosse resolvido, já poderia partir para as despedidas. - Certo, brigada por tudo chefe! - Faria um sorriso e uma piscadela na direção do Silva, ciente de que essa talvez fosse a nossa última conversa. Após isso, viraria para Izzy e Bell. - Podemos ir ou vocês ainda tem negócios inacabados na ilha? - Perguntaria, cruzando os braços. Caso a resposta fosse sim, esperaria a explicação delas para dar uma resposta. Caso fosse não, apenas diria: - Ok, vamos logo pra casa de massagens então. - Em um tom confiante, e começaria a fazer meu caminho até o estabelecimento em questão.

Ao chegar na casa de massagens, caso o local estivesse aberto, entraria e explicaria para Marcus, caso ele estivesse lá, sobre o motivo de eu estar ali. Se eu não tivesse como entrar na casa, aguardaria até que ela abrisse. Uma vez lá dentro, procuraria algum lugar propício para tal e esperaria junto das colegas. Se eu tivesse tempo livre, tentaria puxar conversa com minhas companheiras pra passar o tempo mais rápido. - Finalmente vamo sair dessa ilha! Imagino que cê esteja bem mais feliz que eu, né Izzy? - Usaria um tom casual ao falar aquilo, digamos que eu sabia que minha irmã não era a maior fã do "modelo de negócios" adotado pelos integrantes do submundo de Hasagt Altai. - Isso também serve pra você Bell. Não sei como sobreviveu tanto tempo longe do seu "habitat natural". - Provocaria, com um ar de piada, fazendo referência ao fato de Bell ser basicamente uma princesinha presa no que era praticamente uma gigantesca roça cercada de água por todos os lados. Enfim, ficaria lá aguardando que o homem de Silva fizesse contato ou eu pudesse identificá-lo.

Eventualmente, enquanto eu, Izzy e Bell esperávamos na casa de massagens, duas figuras meio peculiares logo deram as caras. Se tratavam de um coala de terno, possivelmente um mink, que levava em uma coleira uma moça muito bonita de cabelos cor-de-rosa. Logo imaginei que o coala talvez fosse o enviado de Silva, e a mulher, a "mercadoria" que eu precisava guardar. Sem mais delongas, me aproximei do coala com um sorriso amistoso em meu rosto, respondendo sua pergunta. - Oii, eu sou a Ren! Essas duas são Izzy e Mariabell, estamos a serviço do Sr. Silva. - Eu apresentaria o grupo. - Você é o enviado do chefe né? Como se chama? - Perguntaria. Depois das apresentações, seria hora de falar de negócios com o Sr. Coala.

A moça na coleira era realmente muito bonita, sua pele em particular parecia nunca ter sido tocada na vida. Eu me considerava como uma garota bastante atraente, mas a beleza dela era diferente, algo bastante intrigante e curioso. Fiz uma anotação mental de tentar falar com ela caso tivesse a oportunidade, talvez até eu pudesse aprender uma coisa ou outra com isso. Eu nunca tinha feito um serviço de guardar mercadorias antes, então esse seria com certeza uma grande fonte de aprendizado no geral tanto pra mim quanto pra minhas colegas Izzy e Bell.

- Quais são as nossas instruções? - Perguntaria, ansiosa para saber dos detalhes daquele novo serviço que nos levaria para alguma outra ilha. Sendo basstante curiosa, como é de minha natureza, caso o coala não passasse certos tipos de informações, eu tentaria perguntar pra ele sobre. Afinal, informação é poder né? - Qual é a ilha onde devemos ir? E como fazemos pra chegar lá? - Começaria a questionar. - Ao chegarmos lá, o que exatamente devemos fazer pra completar o serviço? - Continuaria. - Quanto tempo mais ou menos nós temos pra terminar esse serviço? - Usaria sempre um tom beem profissional ao perguntar. - Mais alguma coisa em especial que nós devemos nos atentar? - Ao finalizar, esperaria pacientemente por todas as respostas e ouviria atentamente todas as falas do Sr. Coala.

O coala nos passou todas as informações pertinentes para nossa missão, e levou o grupinho até o nosso transporte para a ilha de Hoxter. Não era o barco mais glamuroso do mundo, mas eu não me importava, afinal, já tinha viajado em piores condições. Apesar disso, a expectativa de ver a reação de Mariabell era algo que divertia bastante. Mesma coisa com as reações das pessoas tão ignorantes de Hasagt ao Sr. Coala, que agora queria ser chamado de "Zero". Fiquei me perguntando o motivo do nome, mas logo decidi focar nas coisas mais importantes que eu precisava fazer naquela situação.

A garota de cabelos rosas, pelo visto, estava hesitando a entrar no barco, e Izzy parecia preocupada com isso. A princípio não existia a menor chance da moça não entrar, afinal, ela era mercadoria e mesmo que não quisesse ir, seria obrigada. Mas ao mesmo tempo, eu não gostava muito de usar a força para conseguir o que eu quero, então decidi tentar convencer aquela garota na base da conversa mesmo. Me viraria para a garota e usaria minhas diversas habilidades sociais para fazer um sorriso amistoso que parecesse o mais genuíno e empático possível. - Não se preocupa, eu não vou deixar esses caras aí encostarem um só dedo em você, mas a gente realmente precisa entrar no barco. - Colocaria minha mão direita no ombro dela, buscando conquistar um pouco sua confiança. - Nós garotas temos que ficar juntas. Aliás, qual é o seu nome? O meu é Ren. - Tentaria gerar empatia e tratá-la bem, como um animal antes do abate. Caso ela não responda ou diga que não tem nome, eu ainda assim insistiria. - Bom, vou te chamar de Sakura então, por causa da cor do seu cabelo. - Declararia, dando uma piscadela brincalhona. Caso ela entre no barco, eu iria logo atrás. Evitaria ao máximo machucá-la puxando a corrente com muita força.

Caso ela continue se recusando a entrar no barco, eu suspiraria bem fundo, frustrada por minha língua de prata ter falhado. "É, parece que às vezes até eu consigo falhar na persuasão…" Reviraria os olhos, amarraria a corrente no meu pulso, rapidamente cataria a moça com minhas mãos e a manteria em meus braços, em seguida pularia dentro da embarcação e viraria o rosto para Izzy e Bell, caso não tivessem entrado no barco ainda. Tentaria não machucar a garota com minhas garras ao fazer isso, afinal eu não queria levar uma bronca do comprador por ter danificado a mercadoria. - Vamos? - Sugeriria, com um sorrisinho sarcástico em meu rosto.

Com minhas tentativas de persuasão tendo falhado totalmente, eu logo imaginei que teria de usar a força para colocar a mercadoria no barco. Porém, antes que eu tivesse a chance, Zero, o coala, havia conseguido intimidar Sakura com um tiro, e isso foi suficiente para que ela entrasse no barco por contra própria. Fiquei levemente aliviada com isso, afinal, eu mesma não era muito boa em intimidar pessoas e também nunca fui a maior fã de ter que usar de força bruta. Por hora, o problema estava resolvido, embora a escrava ainda não confiasse em mim.

A embarcação havia zarpado e agora estávamos todos oficialmente a caminho de Hoxter. Eu nunca gostei muito de fazer viagens em alto mar, mas por serem praticamente obrigatórias na minha área de trabalho, eu já tinha conseguido me acostumar com elas. Percebi também que Bell havia sumido de vista, e fiquei me perguntando para onde ela poderia ter ido. Será que estava na cabine? Pensei. Curiosa, me viraria para a minha irmã. - Ei Izzy, você viu a Bell? - Questionaria, de forma casual. - Onde será que ela se meteu? Cê viu ela indo pra algum lugar? - O tédio da viagem e minha natureza bisbilhoteira me compeliriam a tentar pescar informações sobre o paradeiro de minha amiga.

Também faria o possível para não tirar os olhos de Sakura. Eu já tinha experiência com escravos, e sabia muito bem que alguns eram suicidas, portanto, eu não iria soltar a coleira e nem deixá-la próxima das beiradas do barco em hipótese alguma caso consiga. Também evitaria que ela ficasse próxima a armas, tanto brancas quanto de fogo, embora à primeira vista não achasse que ela fosse o tipo de pessoa que tentaria ganhar a própria liberdade à força. Além disso, ficaria atenta ao que estava acontecendo ao meu redor do navio, afinal, o mar da Grand Line era traiçoeiro e talvez fosse necessário que eu ajude os marujos em alguma coisa no barco em caso de tempestade ou coisa do tipo. Se isso acontecer, daria meu melhor para seguir as ordens de Zero ou quem quer que estivesse a cargo de comandar a navegação do barco.

Como já era esperado, Bell não tinha ido muito com a cara do coala Zero, provavelmente graças ao adorável apelido de “Cara de Cavalo” que tinha dele recebido. Eu e Izzy não nos importamos muito com esse tipo de coisa, mas Bell, orgulhosa como era, provavelmente demoraria um bom tempo para esquecer aquela desfeita. Ela também me perguntou sobre o motivo dos outros marujos terem um tipo de medo fora do comum do coala, minha amiga supôs que eles fossem mudos, o que de fato era uma possibilidade, mas com o tempo que passei no submundo, já tinha experiência o suficiente para considerar que talvez fosse apenas puro medo mesmo. No submundo do crime moralidade é algo que não tem muita importância, por isso, se você tiver poder e influência, é capaz de fazer as coisas mais horríveis que você pode imaginar com aqueles que não tem essas coisas. Até então Zero me pareceu ser esse tipo de pessoa.

- Você não era uma atiradora também, amiga? - Perguntei, um pouco confusa com o comentário dela, mas logo decidi não segurar muito esse tema e partir logo pro que realmente interessava. Apesar de tudo, não ousaria falar qualquer coisa sobre Zero abertamente que pudesse fazê-lo ficar irritado comigo, afinal estávamos no barco dele e tinha a possibilidade de ele estar ouvindo nossa conversa, além dele já ter se provado ser alguém sem muita paciência. - Enfim, não acho que sejam mudos, talvez tenham só recebido ordens do Sr. Coala de não falar com a gente. - Ponderei, colocando minha mão esquerda no queixo, um pouco pensativa. - De qualquer forma, mesmo que você não se dê muito bem com ele, tenta segurar firme pelo menos até a gente terminar esse serviço. Faz isso por mim? - Faria um sorriso caloroso ao concluir com um tom de voz beem doce, juntando minhas palmas das mãos, tudo no intuito de usar minhas habilidades sociais para convencer ela.

Assim como antes, sempre que possível também continuaria bem de olho em Sakura. Eu realmente não queria arriscar falhar no serviço por alguma falta de atenção mesmo que Izzy estivesse me ajudando. Também ficaria atenta para possíveis aparições de Zero, e seguiria possíveis ordens que ele talvez emitisse a respeito do barco ou da viagem. Caso não tivesse nada pra fazer, continuaria de olho na escrava e seguiria apenas jogando conversa fora com Izzy e Bell caso isso fosse possível, falando sobre coisas de pouca importância como roupas, viagens ou o clima. Ficaria também imaginando que tipo de ilha seria Hoxter, e se lá minha carreira como membra do submundo do crime iria finalmente deslanchar.

O navegador, um homem humano chamado “X”, havia passado pra nos dar a notícia de que já estávamos bem próximas da chegada na ilha. Imaginei que Mariabell estivesse bem feliz com isso, tendo em vista a conversinha que nós tivemos antes. Ao entregar Sakura para o seu comprador, concluiremos mais um serviço para o submundo e eu vou receber ainda mais dinheiro como pagamento. Eu já estava juntando uma quantia até bem significativa, fiquei me perguntando de que formas eu poderia reinvestir aquilo na minha carreira em um futuro próximo. Afinal né, eu já era familiar com a velha regrinha: é preciso gastar dinheiro para ganhar dinheiro.

Apesar disso, a mente de Izzy não parecia estar muito focada no pagamento que iríamos receber pelo serviço bem feito. Sakura claramente estava com muita fome, e minha irmã, sentimental como era, não aparentava estar lidando muito bem com a situação. “Melhor dar um jeito nisso logo, antes que se transforme numa bola de neve…” Refleti, certa de que minha irmã não ia conseguir trabalhar com cem por cento de eficiência se estivesse cheia de dúvidas para com o nosso serviço. Eu pessoalmente não me importava muito com a fome da escrava, mas como eu não tinha nada melhor pra fazer naquela hora mesmo, não tinha nada de mal em tentar ajudar, ainda mais se aquilo fosse tranquilizar um pouco minha irmã mais velha. - Não se preocupa, vou ver se consigo alguma coisinha pra enganar sua fome. - Falaria mais uma vez em um tom bem amigável para Sakura, sorrindo. Faria um pequeno tapinha nas costas da garota antes de virar as costas e sair pra procurar algum dos responsáveis pelos mantimentos do navio. Izzy e Bell poderia ficar de olho na mercadoria enquanto eu estaria fora.

Caso encontre Zero, algum cozinheiro ou um oficial da tripulação, imediatamente o abordaria. - Oii, como faço pra arrumar alguma coisa pra comer? - Perguntaria, colocando as mãos na cintura. - Tô fazendo serviço de escolta e sabe como é, né? As pessoas lutam melhor de barriga cheia. - Faria um risadinha após o pedido, tentando convencê-lo usando minhas habilidades em persuasão e dramaturgia de que a comida era, de fato, para mim. Se por acaso eu precisasse pagar alguma quantia em dinheiro pela comida, o faria sem reclamar. Caso consiga acesso aos alimentos, agradeceria o meu interlocutor assentindo a cabeça e sorrindo graciosamente, para então levar a comida de volta para onde as meninas estavam. Se pro acaso não tivesse acesso, voltaria de mãos abanando, agora já sem mais opções além de torcer para que Izzy consiga se controlar.

Se por acaso conseguir voltar pro cômodo já de posse da comida, eu imediatamente colocaria o rango na frente de Sakura. - Todo seu, pode mandar ver. - Caso veja que a escrava ainda está meio relutante, eu pegaria uma porção pequena da comida e comeria eu mesma como demonstração. - Tá vendo? Não tem veneno ou drogas. - Faria uma piscadela amigável logo em seguida, ainda não tendo desistido de conseguir conquistar a confiança de Sakura. Caso a escrava caia na armadilha de confiar em mim, meu trabalho ficaria beeem mais fácil de fazer. Com ela aceitando ou não a refeição, me voltaria para minha irmã Izzy, no intuito de tranquilizá-la um pouco. - Relaxa mana, foco no objetivo. - Colocaria a mão em seu ombro, sorrindo, como um sinal de fraternidade.