— Eh… Não há tantas pessoas assim no castelo… — Ela tentava amenizar a frustração do pirata. — Não, nunca. Só quem tem acesso ao castelo real são os guardas, a realeza e os serviçais. E, eventualmente, um ou outro convidado especial da rainha. — Respondia antes de partir em busca do livro sobre criptografia.

Ela voltava rapidamente com um pequeno volume, contrastando com aquele grande e poeirento tomo de antes. Um grupo de três jovens entravam na biblioteca e ficavam próximos da recepção, olhando de um lado para o outro. — Bem, preciso ir. Pode me chamar caso precise. — A senhorinha lhe dava um sorriso e seguia de volta ao seu posto, indagando se poderia ajudar os jovens em questão.

Folheando o livro, Gale encontrava um capítulo falando de forma geral sobre criptografias. Uma forma comum de se criptografar um texto era substituir as letras por símbolos, o que se encaixava perfeitamente com o enigma que precisava decifrar. A parte difícil, portanto, era decifrar qual símbolo representava qual letra, depois sendo apenas questão de traduzir o texto.

Usando o conteúdo do livro e seus conhecimentos em criptografia e lógica, o historiador conseguia identificar padrões nas formas geométricas. Sabendo-se que haviam 26 letras e, portanto, provavelmente haveriam 26 símbolos, não demorava até que Gale chegasse ao seguinte resultado:


Agora era só transformar os símbolos em letras romanas para compreender o texto. Com isso, restava basicamente apenas mais um enigma, o último dos cinco. Será que seria fácil e trivial, ou seria o mais difícil até então?

Gale D. Kay:

Pegando uma folha e um lápis que havia ali perto, pois todas as mesas tinham material simples para estudo, Gale começava a desenhar rabiscos que se transformavam num alfabeto geométrico.

Animado com a descoberta da chave criptográfica, o historiador colocava a carroça à frente dos bois e acabava por decifrar algo que não lhe fazia sentido. Ignorando o texto e ficando apenas com os números, analisava o livro de cabo a rabo, mas nada se conectava aquilo, nem totalmente, nem parcialmente. Quase uma hora se passava até que a senhorinha retornava, curiosa. Na folha com os símbolos, Gale também havia escrito a tradução completa e sua conclusão:


— Isso não parece certo… — Dizia a senhorinha, pensando por longos minutos até dar um sorrisinho triunfante. — Ah… Você sabia que nesse tipo de cifra, não há espaço ou acentos? — Pegando o lápis, ela fazia uma simples correção no texto:


E mais abaixo ela adicionava:

Gale D. Kay:

Finalmente a última peça se encaixava e o historiador conseguia ver tudo com novos olhos. Os enigmas haviam sido solucionados, ao menos em teoria, e agora bastava apenas aplicar os resultados na prática.

Ao mostrar as soluções para a senhorinha, ela dava mais um sorrisinho orgulhoso. — Ah, que bom! Parabéns! — Parecia uma professora elogiando um aluno dedicado, o que não era exatamente distante da realidade. Quando o brutamontes tentou agarrá-la, ela deu um passo atrás, assustada com aquele avanço inesperado, mas acabou por aceitar o abraço e dar dois tapinhas nas costas do pirata. — Ok, vou ficar esperando. Boa sorte. — Ela lhe desejava, acenando enquanto Gale saía do estabelecimento.

Havia passado mais horas do que previra, pois a noite já havia caído. Havia postes iluminando as ruas, embora a lua estivesse cheia e brilhante, e uma brisa suave vinha do mar. Animado, Gale seguiu rumo ao castelo, refazendo em parte o caminho que ele e Sam haviam feito mais cedo. Já no limiar da cidade, desviou seu caminho rumo ao rio.

Com os conhecimentos adquiridos, foi trivial seguir o rio na direção contrária até encontrar a passagem para os esgotos. Uma grade de metal maciço impedia o avanço do historiador, estando submersa no rio até a metade. No entanto, a passagem da água durante tantos e tantos anos havia enferrujado o metal e até mesmo o entortado parcialmente, minando sua estrutura.

Além das grades, o pirata já podia ver o esgoto. Era estreito, mal iluminado e não havia espaço lateral para andar, sendo necessário andar pela água. Como o rio era estreito, a correnteza também não era forte, permitindo que Gale pudesse andar no sentido contrário com cerca de metade da sua velocidade. No teto, conseguia ver uma pequena abertura que permitia a passagem da luz do luar, embora parcamente.

Gale D. Kay:

Entrando no riacho e tendo a água cobrindo até o meio das coxas, Gale se esforçou para entortar as barras ainda mais para passar. O metal dobrava mais um pouco, mas ainda não era o suficiente para que o grandalhão passasse por ali. Tentou então puxar e empurrar uma das barras. A sentiu frouxa, só precisava terminar o serviço que a água levou anos para realizar. Após alguns minutos de idas e vindas, o ferro finalmente cedeu e se soltou da armação circular com um estalo. O historiador caiu sentado, molhando suas calças, mas vitorioso.

Ao se levantar, passou pelas grades, ainda com um pouco de dificuldade, e seguiu em frente. O cheiro do esgoto não era de todo ruim, não muito. O constante correr das águas levava o pior embora. As paredes e tetos, por outro lado, estavam cheios de musgo e mofo, além de alguns pequenos invertebrados repulsivos que apreciavam ambientes úmidos e escuros. O odor se tornava pior próximo a alguns canos nas paredes, que despejavam um líquido escuro e asqueroso na água outrora límpida do rio. Não era de se espantar que o príncipe havia dito que nenhum nobre esnobe iria encontrá-lo, pois nenhum se dignaria a entrar ali.

Para a infelicidade do pirata, a primeira coisa que viu após fazer a curva foi uma bifurcação. Com cuidado, para que o pesado livro não caísse na água, parou abaixo da pequena abertura no teto e tentou ver o mapa. A parca luminosidade dificultava a leitura, mas o pior não era isso. O esgoto e, consequentemente, seu mapa, haviam sido feitos bem antes do príncipe resolver esconder o tesouro, então não havia nenhuma indicação que pudesse ajudá-lo. O esgoto tinha um início e um fim, mas o meio era quase como um labirinto, com várias bifurcações e becos sem saída, era impossível descobrir em qual estaria o dito tesouro.

Fechando o livro e olhando adiante, tendo de tomar uma decisão, se deparava com os dois possíveis caminhos. A sua esquerda havia um corredor que se dividia mais a frente em uma segunda bifurcação. No meio do caminho, havia outra daquelas entradas no teto, provendo uma fraca iluminação ao local. A frente havia outro corredor, este no total breu. Gale só conseguia ver um ou dois metros adiante, sem sequer saber se o corredor tinha fim ou não. Dos dois, a água fluía rumo à saída, passando pelas pernas do pirata e deixando-o com frio.

Gale D. Kay:

Lembrando-se do enigma, Gale seguiu pelo corredor iluminado. Pouco a frente, precisou escolher novamente entre um corredor iluminado e outro escuro, e mais uma vez escolheu a luz. Como dito no livro, após encontrar o esgoto, "seu caminho [...] ficará claro". E ele de fato estava.

Caso se interessasse e desse alguns passos em algum dos corredores escuros, veria na penumbra que eles também possuíam aquelas aberturas no teto, mas estas estavam obstruídas por algum tipo de argamassa arcaica, bem diferente do resto do esgoto, provavelmente obra do príncipe ladrão.

Sua lenta caminhada se estendeu por longos minutos, seguindo as luzes como uma mariposa indo atrás do fogo. Era difícil precisar o tempo ali dentro, devido a iluminação, ao ambiente imutável e o constante som das águas, mas deve ter sido algo em torno de trinta minutos até algo diferente surgir na sua frente.

Havia um murinho da altura da cintura do historiador, facilmente pulável. Aparentemente, ele servia para impedir que a água seguisse naquele caminho, mantendo o que havia adiante intocado pela água. Ao saltar, viu que o lado oposto quase não tinha musgo, apesar de ter algum mofo e teias de aranha, e que o material usado ali era diferente das paredes do esgoto.

Seguindo adiante, agora sem água atrasando seu avanço, se deparou com uma parede do mesmo material do murinho de antes. Nesta parede havia uma maciça porta de metal e um cadeado que dava quase dois punhos do pirata. O cadeado possuía um sistema com quatro peças giratórias, sendo que cada uma ia de 0 à 9, retornando ao 0 caso continuasse girando. Em outras palavras, era necessário uma senha de quatro dígitos para passar e finalmente descobrir o que havia no fim de toda aquela caçada.

Gale D. Kay:

Sua dedicação e esforço foram todos empregados para aquele momento em que o cadeado abriu com um clique, indicando o seu sucesso. A porta se abriu para fora e, ao invés de flechas, veio apenas um odor abafado que logo se diluiu com o ar de fora. Após tanto tempo ali nos esgotos, o historiador já estava até mesmo se acostumando com o leve fedor impregnado em cada tijolo.

Na pequenina sala atrás da porta havia um simples pedestal de cimento e, acima dele, um grande baú de carvalho, bem resistente e com uma tranca, mas sem cadeado. Afoito, o pirata o abriu e, sozinho, se maravilhou. Havia ouro, prata e incontáveis jóias de todas as cores. Mesmo na parca iluminação as pedras preciosas brilhavam e lançavam seu brilho num delicado arco-íris que se estendia para fora do baú.

Mas além daquele tesouro convencional, havia um item bem inusitado: Uma concha. Pegando-a, veria que não tinha como abri-la. Em outras palavras, ela não estava ali guardando uma pérola negra ou alva. Sendo assim, parecia estranho que uma mera concha estivesse em meio a tamanho tesouro.

Contudo, verificando um pouco melhor, o historiador percebeu um relevo no topo, como se fosse uma espécie de botão, e, ao apertá-lo na pura curiosidade, uma rajada de chamas foi lançada pela concha, iluminando o ambiente e chamuscando a parede. Agora estava claro que aquilo ali não era uma concha comum e que até mesmo fosse mais valiosa do que todo aquele ouro e jóias.

Tendo recuperado parte do que havia gasto com o navio e também adquirindo um item bem peculiar, Gale refez o caminho pelos esgotos, levando consigo o baú com o tesouro.


Dias e dias passaram. De vez em quando o pirata passava pelas docas para ver o progresso que o velhinho Geppetto tinha com a escuna. Ele havia contratado um punhado de carpinteiros e comandava-os pessoalmente, apesar de sua idade. Logo uma carcaça de madeira rubra surgiu na quinta doca e rapidamente cresceu, dando forma aquela belíssima embarcação. Vez ou outra Gale notava os trabalhadores do outro armazém olhando para o seu futuro navio, maravilhados.

O velhinho realmente possuía a experiência de anos naquele ofício e não deixou a desejar, entregando o navio completo, inclusive com o canhão já alocado na fronte do mesmo. Na proa, como pedido pelo capitão, Geppetto havia esculpido um grande e feroz tubarão, onde de sua boca saía o canhão. Dentro dos olhos do animal havia braseiros que, quando acendidos à noite, dariam uma expressão ainda mais feroz à fera.

Mendonça

GANHOS

● Livro sobre Tesouro: Príncipe Charles XIV, Ladrão de Pai e Rei - 1U OK
● Escuna (comprada no P13) [P20] OK ~ Leia a Opinião
● Tesouro (20% do teto de ganhos + 1 Dial Médio) [P20] OK
● Flame Dial (Tesouro) [P20] OK

NOTA FISCAL

● +12.500.000 B$ no 'covil' do Greg [P11]
● +4.500.000 (Tesouro, 20% de 22.500.000) [P20]

● -15.000.000 B$ Escuna [P13]
● -5.000.000 B$ Canhão Simples [P13]
● -1.000.000 B$ Munição Simples (Canhão) [P13]
● -500.000 B$ "salário" do Sam [P13]

● Começou com: 10.440.000 B$
● Gasto Total: 4.500.000 B$
● Valor Total: 5.940.000 B$ OK

DIÁRIO DE BORDO

Victoria Hai

OK

Aparência:

● Autossuficiência: 0/200 (8 dias)
● Celeridade: 200 (-4 dias de viagem)
● Estrutura: 100
● Durabilidade: 40.000/40.000
● Poder de fogo: 50 (1 espaços de armas navais)
● Espaço de ocupação: 0/8

● Canhão Simples: O canhão mais básico para a embarcação, não possuindo um poder de destruição tão elevado, seu uso acaba sendo bem limitado para os combates mais simples.
Dano: 1.000

● Munição Simples: A maioria dos canhões usa balaços comuns, a vantagem disso é que eles são mais baratos, o saco possui uma quantidade infinita de balas de canhão simples.

EXPERIÊNCIA

Experiência: 480
Experiência CI: 480