eus dedos ainda apertavam o livro de capa grossa, ouviu a voz doce da mulher dizendo estar surpresa com a pureza das amostras, o jovem pirata soltou um riso abafado, orgulhoso de ter conseguido, havia lhe custado alguns ferimentos no peito? Sim. Faria novamente? Com certeza. Ele se virou e esticou as mãos para pegar as notas, quando parou e mostrou o livro ao invés disso.

Posso ficar com esse livro?

Obviamente, com a outra ele agarrava as notas e metia no bolso interno do seu casaco. Naquele momento, o mundo pareceu ficar escuro e tudo que lhe importava era saber mais sobre aquele príncipe, seus tesouros e sobre sua morte, tudo aquilo lhe consumia e esperava poder ficar consigo, se preciso fosse, imploraria de forma infantil por ele, quase se ajoelhando.

Dito isto, conseguindo o livro, ele agradeceria a Doutora, lhe apertando a mão com um sorriso grande em seus lábios.

Obrigado pelo livro, ahh, pode deixar que eu vou cuidar bem do seu namorado, vamos navegar até a última ilha e achar o One Piece KAKAKAKA

Saía da sala saltitando, rindo e alegremente esperava conseguir o resto que precisava para finalmente comprar a escuna que lhe levaria pelos mares. Metendo a mão no bolso, contava rapidamente as notas e se virava para Sam.

Precisamos de mais 5 milhões, acho que vale a pena procurar pela plantação do Greg, não acho que ele iria morrer somente com aquilo.

Aquilo que Kay dizia, se tratava do incidente da noite anterior, onde ele e Sam entraram em conflito com um grupo de traficantes, colocando fogo no prédio e pegando para si a droga. O fogo se espalhou e provavelmente o bairro todo foi afetado. Na cabeça do arqueólogo, ele imaginava que Greg deveria ter um esconderijo onde ele teria mais plantas, uma plantação em algum lugar escondido na floresta, esperando para ser novamente saqueado.

A opinião de Sam importava, se o garoto não achasse uma boa idéia, o capitão não iria insistir, naquele momento, seu andar era automático, pois, seus olhos passavam pelas páginas do livro, como um viciado, ele devorava o conteúdo, esperava que Sam guiasse a dupla, tendo em vista que a atenção de Gale estava focada nas páginas do livro.

Assim, esperava chegar em algum lugar, onde? Não fazia muita noção, se encontrasse alguma citação sobre um possível local que fosse interessante, mudaria a trajetória para ele, esperando que Sam conhecesse, caso contrário, ele perguntaria para algum civil, afinal, buscar tesouros era algo que Kay ansiava tanto quanto comer ou dormir, era o motivo que lhe fez sair de casa, encontrar simplesmente o maior tesouro do mundo.

e levassem o jovem Kay para um barco e o mandassem de volta para Stevelty ele provavelmente não saberia dizer como chegou lá, Sam o levou até um médico, o profissional abriu o macacão, viu os ferimentos de bala, até mesmo conversou com o pirata, que naquele momento, estava com os olhos vidrados nas letras que seguiam pelas páginas amareladas do livro, era quase como se ele estivesse em outro universo, longe daquele hospital.

Sua mente corria pelos cenários narrados, até que um mistério surgiu, sim, o príncipe acreditava na humildade, empatia e inteligência, qualidades que os nobres da sua era não tinham, por isso, como um presente para o futuro, ele guardou seu tesouro em algum lugar de Lvneel, havia cinco pistas, e a primeira delas era uma frase que ele leu repetidas vezes em sua mente - “O que pode correr, mas nunca anda; tem leito, mas nunca dorme; nasce, mas não morre?”

Era um historiador, alguém que conhecia sobre o passado e pretendia entender os sinais para ganhar o futuro, sua mãe lhe ensinou muito, mas não lhe ensinou tudo. Em sua breve aventura, até aquele momento, ele havia se deparado com um desafio maior que aquele, ele decifrou um dos Poneglyphs, talvez esse tesouro fosse a chave para zarpar para a Grand Line com os porões do seu barco cobertos por ouro.

Quando se virou para perguntar algo para Sam, escutou algo dirigido a si, como um paciente acordando do coma, notou gazes e esparadrapos cobrindo as feridas em seu peito, que não ardiam como antes e incomodavam ao respirar. Mas o espadachim perguntava algo sobre campos. Kay coçou a cabeça, franziu suas sobrancelhas e claramente desconfortável, tentou mentir de forma irônica.

Sim, campos … vamos atrás daquele careca do Greg, você é daqui, existe alguma floresta afastada, onde a guarda real e marinha não costumam ir, pense como um traficante Sam, o que você faria se fosse o Greg?

O estratagema do pirata era virar a mesa e sair do transe, guardando o livro no bolso direito do macacão. Engolia em seco e ajeitava seu quepe, pisando forte como um soldado treinado, o que de fato era, sem saber para onde ir, mas ainda sim, liderando um caminho invisível.

Então, se tem um palpite, vamos para lá, caso contrário, sempre siga para o norte … é o que meu Pai costumava falar kakakaka

Rindo como um tapado sem noção, continuava a caminhar, rindo, assobiando e balançando os braços de forma desengonçada, o dia prometia algo melhor, quem sabe, até o fim de sua estadia em Lvneel, algo inesperado possa acontecer, pois, o destino havia colocado um mistério em suas mãos, mas ainda havia a missão principal, juntar dinheiro para sua escuna.

s passos largos do capitão guiava a dupla de piratas para além do castelo de torres brancas, Sam, explicava pela segunda ou terceira vez, dizia que as flores nasciam apenas em locais onde outrora houveram massacres, meio mórbido para a opinião do Historiador, que aceitou a explicação, ainda que não acreditando completamente.

Ele estando ou não, ainda precisamos de 5 milhões, aquele velho Geppetto só vai fazer o barco com o dinheiro em mãos … Mas sei que algo vai acontecer, o destino sempre favorece aqueles que buscam aventura kakakakaka

O sol das dez era ainda jovem, o quepe sobre sua cabeça impedia que seus olhos ficassem irritados com a luminosidade, em sua mente, matutava que talvez não houvesse tantas flores quanto imaginava, se não fosse possível cultivá-las, elas realmente seriam algo raro de encontrar, principalmente com a situação política atual de Lvneel, onde a paz, ainda que mascarada, parecia reinar sobre a ilha.

Mas era melhor deixar isso para o futuro, não há como controlar o tempo, muitos homens tentaram e falharam, Gale naquele instante procurava além do dinheiro, algo divertido para se fazer, quem sabe encontrar alguém para treinar suas habilidades, na noite anterior, pouco utilizou o que aprendeu com os Agentes em Stevelty, sabia que na Grand Line, a régua de poder seria aumentada em muitos níveis.

Assim, caminhando e assoviando, seguia para onde Sam apontava, era hora de caminhar pelas montanhas, algo que fez por muito tempo com seu pai, destarte, eram cobertas de neve e o vento gélido arrepiava a alma, agora era diferente, montanhas com grama e arvores, não comentava, mas sentia que algo bom o aguardava.

ão havia nenhuma flor branca em qualquer lugar ali, apesar dos campos floridos e belos, o gosto amargo da derrota era sentido na garganta seca do jovem pirata, que mostrava a língua ao notar o fracasso. Apesar disso, não tinha diminuído seu ímpeto em zarpar em poucos dias da ilha, se preciso fosse, iria revirar toda a ilha de cabeça para baixo em busca do Lamento da Inocência. Sam, como um bom cafajeste logo se separou em busca de rabo de saia, Gale, balançava a cabeça negativamente e rumava para o outro lado, chutando algumas pedrinhas em seu caminho.

Ao fundo, conseguia ouvir o correr de aguas fluviais, não havia muito o que fazer, seus passos, um na frente do outro, encaminhou sua sombra até a beira do rio, onde se agachou e fazendo conchas com as mãos, tomou alguns goles para matar a sede e lavar o rosto e refrescar a cabeça, jogando o liquido cristalina (ou não) em seu cabelo e pescoço.

Notava um casal próximo ao rio, mas naquele momento, apenas se sentou na grama rasa, retirou o livro de seu bolso e quando percebeu, estava deitado com o rosto para o céu e o livro a sua frente, lendo aquele desafio movendo os lábios sem emitir nenhum som, completamente mergulhado em seus pensamentos, sabendo que sua mãe provavelmente iria resolver aquilo em poucos minutos, se viu encurralado pelo fracasso e mergulhado, quase se afogando na derrota, ele pensou em voz alta.

Mergulhado ... Afogado ... é isso, ele corre, mas não se move, tem leito e não morre KAKAKAKA

Como um coelho, saltou agilmente, correndo para onde estava o casal com o livro em riste, um longo sorriso em seu rosto, precisava dizer que havia descoberto o primeiro enigma.

O Rio, é isso, estava em minha frente o tempo todo KAKAKA

Falava com o casal de estranhos como se fossem amigos, e, aquela descoberta fosse algo tão incrível para ele que outras pessoas precisavam saber, ele procurava por Sam, mas ele não estava ali.

O que fazem aqui? Estão procurando pela flor branca também?

Questionava, olhando torto para possíveis concorrentes em busca do tesouro, não o do livro, mas aquele que havia lhe rendido alguns milhões anteriormente.

Sou Kay, aquele que irá achar o One Piece um dia!

Anunciava, já olhando pelas comidas que havia no piquenique, não sabia que horas eram, mas não há tempo ruim para um lanchinho.

casal parecia confuso com a aproximação de um estranho, seu porte fisico bem definido, coberto pelo macacão surrado marrom e um largo sorriso no rosto, indicava algo perigoso, Gale não entendeu de imediato o sentimento deles, era como um jovem cachorro querendo brincar, mas antes de tentar outro assunto, uma moça veio correndo em sua direção, anunciando que Sam estava em apuros.

Merda, que garoto? Será aquele esquisito … posso pegar um sanduiche?

Kay ameaçou sair correndo, mas seus olhos visualizaram uma fatia de pão e um pote de geleia, algo que ele nunca tinha comido antes, logo, o monstro da gula surgiu em sua barriga e seus olhos viraram dois potes de geleia brilhosos. Assim, caso entregassem para ele uma fatia, iria agradecer com um aceno simples com a cabeça e começava a correr mais rápido que o vento rumo ao tal bosque.

Sua capa tremulava a cada larga passada, em sua cabeça, pensava em Greg, mas ele julgava que Sam não iria utilizar esse termo, "garoto", julgava ser aquele sujeito, o capacho que os levaram até o prédio, ele era jovem, talvez da mesma idade deles, mas o que ele estava fazendo por aquelas bandas? Esperava descobrir quando estivesse uma visão mais clara do ocorrido.

Não iria medir esforços, era um sujeito confiante e aproximar na surdina não fazia o estilo de Kay, que iria preferir saltar em meio ao fogo somente para saber se ele era quente, por isso, logo que chegasse, mostraria essa faceta, um largo sorriso, tendo metade da boca cheia de pão e geleia, com a geleia melada nos cantos da boca.

O que ta pegando, Sam?

Questionava, enquanto juntava seus punhos, estalando os dedos e o pescoço, era como ver um lobo se eriçar frente a sua presa, poderia ser um ou mil, Gale não se intimidaria por um grupo, na verdade, ele queria de fato começar alguma encrenca naquele dia de sol em Lvneel.

omo um enorme animal espantando a manada, Gale atravessou todo o percurso rapido e destrambelhado até chegar no local onde o tal garoto estava. Não conseguia ver Sam, mas seus olhos logo se colocaram na figura esguia agachada a sua frente, segurava uma cesta trançada com algumas flores dentro, sim, flores branca. Os olhos do jovem historiador pularam da sua face e um sorriso malicioso brotou no meio do seu rosto, o garoto, que não era estranho para a dupla de piratas, também percebeu sua presença e as lembranças do dia anterior o fizeram entrar em desespero.

A figura de Kay estava fresca em sua memoria, afinal, em um só dia seu chefe perdeu a base e uma grande quantidade de drogas para o homem de macacão a sua frente. Num ato de ansiedade, sacou uma pistola e apontou para as figuras a sua frente, Sam e Kay nada fizeram, o historiador sequer parou de andar, apesar de ouvir alguns tiros, nenhum o acertou e vendo que o garoto começava a fugir, logo partiu em disparada em seu encalço.

Por sorte, seu corpo tinha se recuperado e o tratamento no hospital fazia seu papel, o porte atletico provavelmente iria fazer com que Kay o alcancasse, momento em que a distancia fosse curta o bastante para conseguir saltar e com a palma da mão direita, agarra a parte de trás da cabeça do sujeito e com o impulso do salto, afundar ela no chão da ilha com força e sem receio, queria realmente machuca-lo e impedir uma nova fuga.

Greg ainda está vivo? kakaka Você vai me ajudar mais uma vez

Dizia, se levantando com cautela, pegando a cesta das mãos do rapaz e jogando para Sam, caso ele esteja perto, do contrario, apenas a colocaria próximo da sua perna.

Ainda preciso de 5 milhões para sair dessa ilha, Greg tem esse dinheiro guardado em algum lugar?

Se agachava para olhar no rosto do rapaz de perto, tentando intimida-lo com seu olhar feroz e aniquilador, bem, pelo menos ele pensava ter esse porte. Imaginava que o garoto não iria ajudar de imediato, afinal, não tinha tantos motivos para ele trocar de chefe, por isso, Gale resolveu mostrar sua proposta.

Se me ajudar a pegar essa grana, eu deixo você e alguns dos seus colegas seguir no meu barco sob minha bandeira, que tal conhecer os mares ao meu lado?

Assim, depois de tentar intimida-lo, algo que Kay não estava confortável em fazer, estendia a mão em misericórdia e proveria uma ajuda para aquele garoto, que se fosse esperto, aceitaria de imediato, ou as ameaças podiam se concretizar sobre o fio da espada de Sam.

garoto era arisco, mas quem não era como uma arma em mãos? Como dizem, todos os homens nascem iguais, até que alguém criou a pólvora e assim, nasceu a grande era dos covardes. Kay ainda o segurava contra o solo, mas quando o convidou, relaxou a pressão e ele conseguiu escapar um pouco, ameaçava sobre sua gangue inteira estar atrás da dupla de piratas, o que inevitavelmente arrancou um sorriso de deboche do historiador.

Eu sou mais forte que todos vocês kakaka, então, onde está seu chefe?

Indagava novamente, não mostrando nenhum sinal de respeito por ele e seu grupo. Ao fundo, o grito alto de estranhos se aproximando atraiu a atenção de Kay, que viu o garoto mudar rapidamente de postura e começando a solicitar ajuda, o revolve caia aos pés do pirata, que naquele instante balançava a cabeça negativamente, reprovando a atitude covarde.

Eram guardas da realeza, Gale não escondeu a feição de desprezo por eles, revirando os olhos ao ouvir suas ordens. Não agiu de imediato, não queria arrumar confusão com aquela facção, mas depois do que viu no bar naquela madrugada, não conseguia gostar do barulho daquela armadura.

Civil? Ele é um traficante da ilha, estou fazendo um favor para vocês

Nesse ínterim, Kay se erguia e trazia o garoto para cima, segurando a parte de trás do seu pescoço com a palma da sua mão, fazendo um estilo de garra, apertando caso ele tentasse algum movimento de fuga. Com seu pé, ele empurrava a arma para perto de Sam, logo após se virava para os guardas.

Senhores, meu nome é Gale D. Kay, sou apenas um jovem pirata em busca do One Piece

Sim, na sua apresentação, o historiador não percebeu a forma como disse aquela frase, era algo natural e provavelmente nem percebeu, mas se apresentou como Pirata.

No caso dos guardas tentaram capturá-lo ou pedissem para se entregar, Gale se negaria prontamente, iria apreender fuga, começando com uma finta estratégica, apontando o dedo para os guardas, como se houvesse algo para que eles olhassem e então, começaria a correr para algum lado contrário aos guardas, segurando o garoto em seus ombros, enquanto gritava para Sam segui-lo.

A finta não dando certo, simplesmente apostaria na sua velocidade, correndo em largas passadas, apostando em seu atletismo e juventude, além de que guardas geralmente usam armaduras e podem ter dificuldade em correr.

De todo modo, tentaria se distanciar segurando o garoto em seu ombro, até ficar longe da vista dos guardas, onde colocaria o moleque no chão novamente, sempre segurando seu braço para não fugir.