[TUTORIAL] Wheeler

Nome: Jakob
Idade: 22 anos
Raça: Meio-gigante
Gênero: Masculino
Localização: Shells Town
Estilo de Combate Básico: Artista Marcial
Mão Predominante: Ambidestro
Qualidade: Ambidestro
Defeito: Avarento

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Acordar nunca era uma tarefa fácil. Não depois de tomar duas garrafas de rum. Pensou consigo. Tomar duas garrafas de rum é que é uma tarefa fácil. E garrafa é o eufemismo de meio-gigantes para barril. Jakob estaria com uma dor de cabeça monstruosa se os deuses não tivessem sido bons e, via de regra, eles não eram. Se os deuses fossem bons de fato choveria rum. Chovendo rum não seria necessário gastar o seu suado dinheiro.

A verdade é que, se tudo desse certo, em pouco tempo ele já não precisaria pagar pelo néctar divino. Não com o dinheiro dele, pelo o menos. A pirataria parecia um bom meio de vida agora que sua mãezinha tinha se casado com um comerciante rico. Ele tinha até cogitado levá-la em suas aventuras, Deus sabe como ela pode ser perigosa com um cabo de vassoura, mas a velha morria de enjoo com o mar. Pra ele isso não fazia sentido, já que a balofa parecia mais com um baiacu do que qualquer outro cidadão de Shells Town... o seu novo padrasto era vesgo, louco ou alguém com um gosto peculiar.

O grandalhão se levantou e deixou a casa, feliz porque agora não tinha mais responsabilidade. O aluguel era caro, sua mãe gorda comia muito e os vizinhos eram barulhentos. O mar não cobra aluguel. Concluiu com um sorriso no rosto.

— Agora é só procurar um babaca que queira me pagar pra quebrar uns ossos. — Balbuciou. O plano era simples: só precisava de um tonto pagador que o achasse um meio-gigante burro. E isso ele era capaz de parecer. Depois de um tempo bastaria encher o capitão de porrada e mostrar que ele era o macaco da bola azul. Esse era, para Jakob, o método mais fácil de se tornar capitão pirata com um navio e uma tripulação.

Como alguém nascido em Shells Town e um alcoólatra devoto, procuraria o boteco mais próximo, adentraria o estabelecimento e se debruçaria sobre o balcão. Quando tivesse a atenção do balconista, olharia em seus olhos e diria:

— Tô procurando um trabalho com alta remuneração e baixa moral, cê tá sabendo dum trampo desses? — Piscaria com o olho direito. Não ia pagar pela informação nem ferrando, por isso não custava nada (literalmente) ser simpático.

CONSIDERAÇÕES:

Que porcaria esse maricão tá falando? Perguntou-se, olhando de soslaio o estranho atendente. Jakob não estava interessado em ser chantageado, mas também decidiu que não recorreria à violência por algo tão acessível quanto informação. Não ali. Não agora... e outra: seu suado dinheirinho era importante demais para dá-lo assim de mão beijada. Enquanto encarava o balconista, seguraria os bagos e diria:

— Sei bem que remedinho você quer, só que hoje não é seu dia — inferindo, giraria sobre os calcanhares para dar uma olhada no bar. Os bares geralmente eram lotados de figurões e, ali, viu que não era uma exceção. Se não conseguisse com o maricão, então conseguiria com outros caras. Era o que tinha decidido. Quem se importa com o que o funcionário de um boteco tem pra dizer? Ele que se f$d#.

O meio-gigante correu os olhos sobre um trio esquisito que vestia mais pano do que o comum. Seria uma seita? Uma reunião de doidos? Piratas escondidos? Talvez nenhum. Talvez os três, mas é como dizem: se há três doidos na mesa com você, então você é o quarto. Longe dele fazer parte do quarteto de fragmentados ultravestidos. Antes de voltar a atenção ao resto do bar, observaria-lhes disfarçadamente para ver se reconhecia uma frase solta ou notaria armas em suas posses.

Outros que lhe saltaram a vista, provavelmente pela desarmonia estética, era uma dupla de rapazes. Um grande, másculo, entroncado, forte, atraente, vigoroso, saudável e todos os outros adjetivos que poderiam caber à alguém que, assim como o cara bebendo suco de laranja, encaixava-se no mesmo grupo de Jakob: machões de verdade. O outro era pequeno, franzino e feio feito um ratinho molhado. O quanto eram parecidos? Estavam armados? Seriam eles irmãos? Um casal? Tentaria notar. Não deveriam ser piratas. Se piratas bebem suco de laranja, então eu quero ser uma revendedora de cosméticos. As que eu conheço ainda tomam uma cervejinha depois do expediente.

O terceiro era um cara mais suspeito, pois tinha sentado do lado da janela, num ponto estratégico e tudo mais. Um bundão, concluiu. Piratas de verdade não deveriam sentir medo de nada. Não um pirata que fosse participar da tripulação dele - ou da tripulação que seria dele depois de macetar o antigo capitão na porrada. Apesar de não acreditar que fosse um pirata e sim um ladrãozinho qualquer, queria saber o que ouvir deste, decidiu. Foi o que mais chamou sua atenção e era a hora de chamar a dele: a nível de provocação, ainda que procurasse parecer natural e sem querer, usaria do seu corpanzil avantajado para cercear a visão que o homem tinha da janela, prostrando-se à frente dela conforme se aproximava. Se quisesse ver a janela teria de tirá-lo dali na base da porrada ou ser bem educadinho.

— Qualé, vagabundo? — iniciaria com um sorriso no rosto — eu sou malandro velho dessas áreas, entendeu? Cê tá fazendo o que pra cá que tá acuadinho igual um gatinho molhado? — soaria alto o bastante para ser ouvido por todos. Se o homem expusesse suas intenções, então puxaria uma cadeira e o ouviria. Já se fosse ignorado, esmurraria a mesa com toda a força que pudesse impor em seus mais de setecentos quilos, descendo o cotovelo num arco vertical e arremessando o tronco para ampliar o impacto. Quebraria a mesa em dois ou mais pedaços se tivesse êxito.

Jakob decidiu que os deuses não tinham lhe dado o sangue de Elbaf para por o rabinho entre as pernas e dar uma detetive. Isso era coisa de ratazana e ele era um urso. Um ursão grande e peludo. Contradizendo o pensamento inicial, iria recorrer SIM à violência por informação. Se fosse atacado pelo homem tencionaria o membro alvejado para demonstrar a diferença entre um rele humaninho de merda e um cara com ele ao mesmo tempo em que o agarraria pela cabeça, com os dedos envolvendo todo o crânio, e suspenderia no ar enquanto apertaria.