De alguma maneira totalmente inusitada Fuyuki se encontrava em um beco escuro, ele se xingava internamente por não ter pensado em ler as placas ao seu redor ou pedido informação para alguma pessoa na rua. Agora neste beco escuro se via frente a um cachorro magro e com cara de fome que despertou empatia dentro de Fuyuki, ele não poderia deixar o pequeno amiguinho faminto largado no beco sem mais nem menos.
-Coitado desse carinha aqui...

Primeiro ele procuraria alguma identificação no animal, se estava usando coleira ou se tinha alguma roupinha que remeteria a um dono. Caso ele apresentasse traços de que foi perdido ou abandonado trataria de se aproximar, verificar se tem alguma comida para dar ao cachorro e acompanhar ele para as ruas e perguntaria para as pessoas se alguém conhece o dono do cachorro.

Caso ele aparente ser totalmente de rua, tentaria uma aproximação lenta fazendo chamados -Tsc Tsc Tsc ... Vem aqui amiguinho. E se ele respondesse amigavelmente chegaria perto do cachorro fazendo carinho e então procuraria em seus bolsos alguma comida para dar ao cachorro, caso não tivesse levaria ele pra rua e procuraria primeiro uma loja de animais e então um bar. Algum lugar que tivesse comida pro cachorro serviria.

Em caso do cachorro ser agressivo e tentar ir pra cima, Fuyuki manteria distância e procuraria alguma comida em seus bolsos para atirar a distância. Mantendo sempre os olhos nele pra não levar uma mordida repentina, pelo menos não nas roupas limpas da viagem.

Agora com um cachorro em estado deplorável no colo e procurando comida no lugar mais próximo apenas uma coisa passava na cabeça de Fuyuki  "Como é que minhas férias chegaram nesse ponto?"

A ideia de curtição e um hotel relaxante que antes povoam seus pensamentos e sonhos nos últimos dias de trabalho árduo agora se dissolveram em uma ilha distante de casa, sem dinheiro e com um cachorro aparentemente abandonado em seu colo. De alguma maneira ele sentia que isso estava destinado a acontecer enquanto pensava "Pobre não tem sossego mesmo..."

Enquanto entrava no restaurante mais próximo, Saint Peperoni, Fuyuki passaria os olhos rapidamente pelo ambiente e então focaria no homem que lhe atendeu no balcão procurando traços gerais em seu rosto. Não que seja uma verdade absoluta, mas podemos ter uma ideia se o rosto da pessoa é de aparência mais amigável ou não, e Fuyuki procuraria esses traços para identificar se o senhor no balcão teria alguma inclinação ou comoção de ajudar o pobre cachorro em seu colo.

Independente do que os traços do senhor indicassem, falaria -Eai tio tudo certo? Então olha só, esse carinha aqui ta passando por uns momentos complicados e seria muito legal se a gente pudesse pegar uma coisa boa pra comer... Algo igual a daquele senhor ali sentado que parece uma delícia! Tentando ser o mais amigável e gentil com o "tio" do balcão, enquanto aponta o dedo para o senhor comendo a pizza de alcaparras.

Se ele falasse sobre dinheiro e preços dos pratos, Fuyuki responderia -Dinheiro? O senhor não vai acreditar ha.. ha.. ha.. Parece que alguém roubou minha carteira enquanto eu tava andando pela cidade, to sem nenhum tostão tio. Mas não se preocupe, eu me ofereço pra lavar a louça e passar um paninho nesse chão aqui, oque acha? E esperaria pela resposta do tio do bar, torcendo pra tanto o cachorro quanto ele mesmo conseguirem um pedaço daquela pizza.

Fuyuki não é ruim ou encrenqueiro, mas não gosta muito quando as pessoas viram a cara pra uma situação delicada, como por exemplo esse cachorro passando fome em estado que nem se levantar conseguia direito. Então se o tio do balcão negasse a comida ou mandasse levar o cachorro pra fora independente de dinheiro, por pura repulsa de um animal em seu estabelecimento ou algo semelhante, Fuyuki colocaria um dedo no peito dele, cerraria os olhos e diria em um tom alto e irritado -Quem você ta pensando que é pra negar comida pra esse carinha aqui hein? Não ta vendo que ele já passou por coisa demais não? Acho bom arranjar alguma coisa pra ele... digo... pra nós comermos, se não eu vou ter que fazer isso do jeito difícil! E pra dar ênfase na parte final, daria cutucadas no peito do tio ritmicamente junto com as últimas cinco palavras.

Nem todo mundo tem um coração generoso, mas ver o senhor do balcão se propor a ajudar o pobre cachorro deixou Fuyuki feliz, claro que ele também aproveitaria pra comer um pedacinho de pizza sem fazer cerimônia.
-Frango? Claro que gostamos sim! Dizia enquanto o senhor perguntava se frango era uma boa opção pra eles. O senhor ainda falou de pegar água e remédios para o pobre cachorro, e isso deixou Fuyuki ainda mais animado.
-Puxa o senhor é muito gente boa, acho que esse carinha vai melhorar logo logo desse jeito hein!

Dava pra ver a empolgação do cachorro enquanto esperávamos a pizza de frango, e Fuyuki parou por um momento pra pensar na situação de estar sem dinheiro consigo; "Tenho que ficar mais atento com esses trombadinhas...". Mas de todo jeito o momento atual parecia tranquilo e oportuno para relaxar.

Fuyuki não se deu conta quando exatamente as coisas começaram a acontecer, o cachorro ficou alegre com o homem que estava comendo uma pizza , "Ele deve estar com muita fome" pensou coonsigo, mas essa não era a verdade. Tudo foi meio inusitado, consufo e até mesmo inacreditável.

Um chute, foi tudo que Fuyuki conseguiu ver e ouvir, um único chute que arremessou o pobre cachorro do outro lado da rua. Talvez uma análise mais detalhada da situação mostraria que aquele senhor era o antigo dono do cachorro, ou que já se conheciam antes daquele momento. Talvez tudo isso estivesse até óbvio demais pra qualquer um, mas não foi o caso de Fuyuki, ele apenas sentiu o ódio subir em uma fração de segundos dentro de si.



Fuyuki não olharia para o cachorro, não agora, assim como também não olharia para o senhorzinho do bar que ia preparar a deliciosa pizza de frango. Com os cabelos cobrindo o olhos e projetando uma sombra momentânea em seu rosto ele andaria lentamente até o homem que chutou o pobre cachorrinho, mesmo com a mente fervendo um turbilhão de xingamentos e ódio na sua forma mais pura ele não diria uma única palavra para aquele monstro, apenas responderia da mesma forma. Com os punhos cerrados tão forte que as juntas das mãos ficaram brancas, e os músculos do braço que eram naturalmente fortes devido ao trabalho braçal agora pareciam mais inchados pela força com que apertava o próprio punho, Fuuyki se levantaria.

Pegaria a primeira coisa na sua frente, seja uma cadeira ou uma mesa do bar e correria para atacar o homem, quebrando o móvel em sua cabeça, costas, ou peito, o primeiro que fosse possível.

Caso o homem desviasse do ataque, Fuyuki seguiria na ofensiva e jogaria com todas as suas forças o móvel para cima daquele sujeito, não tentando com uma mira perfeita, mas focando na força bruta do impacto do móvel.

Independente se o primeiro ou o segundo ataque foram bem sucedidos, Fuyuki iria por fim pra cima daquele homem. Se estivesse de pé Fuyuki daria uma rasteira na parte de trás de seus joelhos fazendo-o cair, e então faria uma sequência de socos na cara do homem e só pararia quando o mesmo não estivesse mais consciênte.

Se por acaso o homem tentasse lhe atacar Fuyuki não tentaria defender a menos que o golpe fosse em algum ponto vital como olhos, garganta e boca do estômago, ou se o homem estivesse portando alguma faca ou arma similar. Nesse caso ele focaria em segurar os braços do homem e desarmá-lo ou então em pará-lo para poder continuar seu ataque. Nesse momento bater era mais importante que defender.


-EU TENHO NOJO DE PESSOAS COMO VOCÊ!

E então iria rapidamente socorrer o cachorro do outro lado da rua.

Caido no chão e com o ombro sangrando, essa era a situação atual de Fuyuki, mas não por muito tempo.

Fuyuki rolaria rapidamente para o lado a fim de evitar um tiro em sua cabeça, e daria um chute na mão de Zé grandão para fazer o revolver voar longe, então usando o impulso das pernas se colocaria de pé novamente, deixando o ombro direito para trás por estar machucado.

Caso conseguisse tirar a arma de zé, pegaria um pedaço de madeira próximo, como uma perna de cadeira ou de mesa para usar como porrete improvisado com a mão esquerda. Com o Zé desarmado e com a mão machucada aproveitaria a brecha de tempo para avançar com o pedaço de madeira em um ataque direto com o lado esquerdo do corpo pra frente e bateria com o pedaço de madeira de cima para baixo na cabeça de Zé, fazendo-o cair com um belo galo na cabeça.

Se Zé corresse atrás da arma novamente, Fuyuki lhe daria uma rasteira nas pernas e atiraria o pedaço de pau na arma, fazendo-a ir mais longe enquanto Zé grandão cairia no chão e levaria diversos chutes nas costelas.

Mas se Zé ainda desarmado ainda tentasse atacar com as próprias mãos, Fuyuki desviaria de seus ataques sempre caminhando para a direita e deixando o braço esquerdo em posição defensiva, priorizando defender o ombro ferido. Enquanto procuraria uma brecha para atacar com o porrete improvisado novamente

Caso não conseguisse chutar a arma de Zé, ou escutasse o gatilho ao se mover focaria apenas em rolar o corpo e correr parar a mesa mais próxima e faria dela um escudo temporário para os tiros e colocaria a mão esquerda no ferimento do ombro direito, enchendo-a de sangue. Quando ouvisse uma pausa nos tiros ou o som da arma recarregando, levantaria rapidamente e jogaria o sangue da mão esquerda na direção do rosto de Zé para cegá-lo temporariamente, então avançaria em zigue-zague até o lado de Zé e colocaria o braço esquerdo em baixo do direito dele, a perna esquerda atrás da perna direita e levantaria ambas fazendo o desarme e derrubando o adversário no chão com toda força que lhe restava.

-Não me importo se for até o homem mais procurado do mundo, eu não deixaria sair daqui sem se arrepender do que fez!