O último adeus!

Em meio a risadas e aplausos, a jovem princesa que começara o dia buscando conhecer mais do lugar em que estava, e agora depois de uma longa caminhada e alguns goles de álcool do qual ela não era familiarizada, Akemi se deparava com um duelo bem a sua frente. Duelo esse que ela não havia proposto, mas que aceitou sem pensar duas vezes – ou talvez o álcool em seu cérebro tenha aceito -, e em meio à multidão que se aglomerava ali, Akemi não recuava e seguia para o desafio.

O pai de Subaro se mostrava um excelente atirador, dando a chance para que a garota pudesse escolher o que eles iriam atirar. No entanto, tratou de dar um “cumprimento” para ela derrubando um dos pássaros que passavam juntamente da revoada. Akemi elogiou o homem reconhecendo suas habilidades, e sabendo que não poderia ficar para trás, tratou de se ajeitar em busca de retribuir o “cumprimento”.

O álcool realmente lhe subira um pouco a cabeça, fazendo com que ao observar com atenção ao bando de aves passando por ali enquanto mirava, sua visão por um instante estremeceu. Mas com cuidado e paciência Akemi voltou a si, e usando de suas técnicas como atiradora acertou uma das aves em cheio.

- OOOOOOHHH! - O público a sua volta se surpreendia com as habilidades da garota, fazendo com que aplausos e provocações ao pai de Subaro ecoassem pelo campo lá fora. - Ha... - Uma risada sem graça mostrava o quanto ele se sentia intimidado pelo belo tiro de Akemi. - Então mesmo sobre o álcool você ainda consegue atirar... - O homem se virava para Subaro e a multidão anunciando um novo desafio. - Façamos o seguinte! Um copo de cerveja, e um tiro em sequência! - Tornava a olhar para Akemi. - Veremos qual dos homens se aguentam em pé! HAHAHA! - As pessoas se animavam com o desafio feito.

Se a jovem princesa aceitasse o desafio, Subaro voltaria com uma das mesas do bar e montava lá fora, colocando sobre ela dois copos de 300ml, e algumas garrafas de saquê. - Akira! - Subaro dava um tapa em suas costas, chamando a atenção da garota. - Ele vive fazendo isso, e nunca perde. - Mas Subaro continuava sério. - Por favor, acabe com ele. Se não vai ser um mês se vangloriando dessa porcaria. - O garoto dava de ombros e se retirava dali quase se arrastando como se já esperasse o pior daquilo.

- Vamos lá caçador! HAHAHA! Veremos até onde você aguenta! - O homem agora enchia os dois copos até tampa, fazendo com que a espuma escorregasse para fora do recipiente. - Um copo, um tiro! Só acaba quando o primeiro errar, ou não aguentar ficar em pé! HAHAHA – O desafiante virava o saquê em uma golada, e em seguida observava a vista a sua volta procurando a próxima “vítima”.  

A cerca de 35 metros de distância dali bem ao fim da rua, havia uma placa ao lado de um depósito onde quase não se podia ver o que estava escrito, com exceção de Akemi que devido a sua grande capacidade de visão observaria que ali diria nada mais do que “vende-se”. E assim o homem regulava seu rifle, e após alguns segundos de puro silêncio, puxava o gatilho para retirar uma bela lasca de placa.

Contudo, a expressão dele não era de muito contentamento estando quase que aliviado. E se a garota observasse veria que a bala praticamente pegava de raspão a beirada da placa indicando que, ou a bebida já lhe começava a embaralhar, ou a distância já começara a ficar longe demais para o homem. Independente disso, as pessoas ao redor aplaudiam e gritavam agitando ainda mais o desafio, certos de que o tiro havia sido “perfeito”.

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O clima do lado de fora ficava cada vez mais animado, as pessoas aglomeradas em volta da dupla de desafiantes se empolgavam a cada tiro certeiro dado por eles. O pai de Subaro era o mais convencido de todos, totalmente ciente de que jamais perderia para um garoto.  

No entanto, o homem não contava com o fato de Akemi ser uma garota não só muito bem treinada, mas que também tinha consigo uma visão absurda, e isso fazia com que a jovem princesa de forma natural e sem maldade alguma, fizesse um breve comentário que alterava o estado do homem a quem desafiara.

O rosto do homem começava a ficar vermelho, era nítido a súbita raiva em que ele sentia com o comentário anterior de Akemi, que de certa forma era recebida pelo público como uma provocação, agitando ainda mais os ânimos do pessoal que provocavam e caçoavam do minerador. Até mesmo o seu filho Subaro entrava na “onda”.

Sem se incomodar tanto com o público a volta já que a bebida não lhe permitia muito isso, Akemi tomou o seu copo com o maior desgosto, pois nunca gostou muito de bebidas alcoólicas. E apesar de sua cabeça balançar um pouco com a bebida digerida, e seu corpo começar a ficar quente com isso, a jovem princesa se acalmava antes de seu disparo.

Paciente e calculista, Akemi parou para entender as condições do vento naquela região da ilha, já que notara anteriormente que isso provavelmente influenciou no tiro do homem. Tomou sua postura, e apesar da vista um pouco tremida, forçou um pouco mais buscando o hífen da palavra escrita naquela placa, e após alguns segundos de puro silêncio, Akemi atirou.

Seu objetivo era atingido em cheio, o que tirava semblantes impressionados e encantados com a habilidade que a garota apresentava – ao contrário é claro do homem -, que ficava totalmente incomodado com a situação. - Tsc... - Voltava a encher os copos totalmente irritado com aquilo, enquanto olhava ao redor tentando de alguma forma dificultar as coisas para a garota.

- Ali, o nosso próximo alvo! - Apontando para o horizonte, um inesperado coelho branco caminhava por entre o gramado bem à frente do bar. A distância era de aproximadamente de uns 35 metros. - Dessa vez caminharemos de costas para o animal... DEZ! Dez passos. - O homem sorria com a confiança de que não perderia daquela vez. - Caminhamos juntos, e ao fim dos dez passos viramos e quem acertar primeiro, vence! - Virava o seu copo liquidando com a bebida em um instante, e em seguida parava de costas para a direção da criatura bem ao lado da mesa, aguardando o momento em que Akemi fizesse o mesmo.

Parados lado a lado, o minerador puxava os passos lentamente enquanto o público com tensão contava os passos da dupla lentamente, e a cada passo dado, as pessoas ficavam ainda mais apreensivas, pois essa com certeza seria a resolução daquele pequeno duelo. Até que no décimo passo contado, os dois se viravam abruptamente para buscarem o alvo que estava distraído a metros de distancia.  

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Os ânimos aumentavam a cada provocação do público, e o derradeiro duelo já em seu clímax se aproximava do fim. Em desespero, o homem anunciava um último desafio para a jovem princesa, deixando as pessoas ao redor agitadas com a sugestão, prevendo que aquele seria o grande “embate” daquele dia.

Sem se importar com todos a volta e principalmente com Akemi, o homem começava a caminhar, extremamente focado em seu próximo tiro, ciente de que seu oponente era mais complicado do que imaginava. Mas não estava nos planos da garota seguir com aquilo, pois seu nobre coração não lhe permitia tal ato violento para com o animal.

O pai de Subaro não lhe dava a atenção, e em um ato desesperador a garota usou seu rifle para afugentar o coelho, enquanto trazia o homem para a realidade, e ainda retirava olhares assustados do público a sua volta. O homem desacreditado de tal atitude, via aquilo como a gota d’água, e em um ato brusco e de muita ira, soltou sua arma para em seguida dar um tapa com as costas da sua mão esquerda com tanta força nos braços de Akemi que fez com que sua arma caísse.  

- VOCÊ ESTÁ BRINCANDO COM A MINHA CARA!? - Puxou a garota pela gola da camisa, e num instante socou seu rosto, levando-a ao chão. - SEU MOLEQUE! - A bebida já havia subido a sua cabeça, e sem querer parar avançou pra cima de Akemi, mas logo foi parado por alguns mineradores que tinham dificuldade de segurá-lo, já que o homem era forte, e a sua raiva tornava tudo ainda mais difícil de controlar.

Subaro desapontado com tudo aquilo, corria na direção de Akemi, tentando ajudá-la a levantar. - AKIRA! VOCÊ ESTÁ BEM? - Seu semblante mostrava a culpa que ele sentia por incentivar a garota a aceitar o duelo, já imaginando que algo de ruim pudesse acontecer. - Me perdoe por te fazer passar por isso... - O garoto usava de suas forças para levantar Akemi do chão. - Merda, você tá sangrando! - O gosto metálico de seu sangue era sentido ao escorrer do nariz para a boca da princesa.

- PAREM DE ME SEGURAR SEUS DESGRAÇADOS! NÃO VOU DEIXAR ESSE MOLEQUE BRINCAR COM A MINHA HONRA!!! - Alguns mineradores sofriam pequenos danos ao tentar parar o enfurecido homem, que não se ligava por um momento o quão descontrolado e violento estava sendo com seus companheiros.  

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Aquela que parecia uma simples e pequena aposta, se desencadeava em agressão com o pai de Subaro sendo levado a loucura com tal atitude de Akemi. O homem que se vangloriava de sua artilharia sentia seu ego machucado canalizando toda a sua raiva no rosto da garota, que tentava se colocar de pé diante do enfurecido minerador que não aceitava a atitude da princesa.

Apesar do golpe estremecer suas estruturas e de lhe levar a sentir o gosto metálico de seu próprio sangue, Akemi buscava coragem para confrontar o homem. Enfurecido com tal questionamento da garota, consegui por um breve momento se soltar dos cidadãos que o seguravam e avançou para cima dela segurando sua gola da jaqueta mais uma vez.

- ENTÃO ME DIGA! O QUE UM SIMPLES GAROTO QUE SE METE A CAÇADOR SABE SOBRE HONRA!? - Seu olhar era profundo, e dentro daquela expressão era nítido a convicção que aquele homem carregava consigo e, como um sussurro tornou a falar. - Você é apenas um turista brincando de homem por aí com a arma do papai... Você não sabe de nada!! -

Antes mesmo que a garota pudesse dar uma resposta para o homem, um vulto negro passou por entre eles afastando os dois por puro instinto. - Já pararam com essa discussão idiota? - Uma voz com muita presença, mas ao mesmo tempo doce surgia do lado direito, e encostado em um cerco de madeira a frente do bar estava um homem encapuzado que mal se podia ver seu rosto. - MAS QUE PORRA DE BAGUNÇA É ESSA!? SUBARO, JÁ NÃO FALEI PRA CONTROLAR SEU PAI!? SUBARO! - A voz agora não vinha mais do homem encapuzado, mas sim de uma bela mulher que saía de dentro do bar bufando de ódio.

A mulher trajava um belo vestido longo e azul, seu longo cabelo castanho carregava consigo uma longa trança, mas o que mais se destacava eram seus olhos amarelos que pareciam consumir cada um que olhasse diretamente pra eles. - DE NOVO ESSA MERDA DE APOSTA! QUANTAS VEZES EU JÁ DI... Aaaaah, esse garoto está sangrando. - A mulher se aproximava de Akemi para ajudá-la até lá dentro. - O resto de vocês voltem lá pra dentro, tem muita comida e bebida para ser consumida! - O público se animava e com pressa voltavam para dentro do bar.

O homem encapuzado ajudava o pai de Subaro a se levantar, pois o mesmo havia caído anteriormente, e um pouco mais a frente ele caminhava para pegar o que parecia ser uma adaga negra, mostrando assim o que era o tal vulto que passara por entre Akemi e o homem raivoso. - Vamos pra dentro querido, vou cuidar desse sangramento. -  

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