[ TUMBA - 3º ANDAR] HELLHOUNDS

A luminosidade do novo lugar era incômoda aos olhos, num primeiro momento. Com tanto azul refletindo minha retina, imediatamente acreditava estar sob a presença de alguma fonte de água, mas enganava-me ao ver apenas o cristal fluorescente. — Sasha gostaria disso tudo aqui. — Comentaria curioso enquanto observava os arredores. A figura peculiar do homem-coruja aparecia novamente, mencionando histórias sobre outros participantes, mas um relato me chamava a atenção. — Pera, Sasha tá por aqui também?! E ela já passou? GHYAHAHAHAHA, ela é realmente forte! — Dizia, como um grande irmão cheio de orgulho.

Com o desaparecimento do esquisito anfitrião, notava a presença dos inimigos daquele lugar. Um deles parecia usar várias tampas de panela brilhantes pelo corpo, mas o outro?! ELE TINHA UM ELEFANTE QUE VIRAVA ESPADA!! — Sugoooooooooi!!!!! Um espadafante!! — Dizia apontando para a arma, que ainda se transmutava. Olhava para Às, extremamente animado, mas transformava meu rosto novamente em uma expressão mais neutra. — Já sei, já sei, não posso chamar esse pra festa também. Então você cuida dele enquanto eu cuido do moço das tampas de panela. — Comentava, me referindo ao Pearl.

Respirando fundo e analisando o ambiente, bem como meu oponente de cima a baixo, começava a montar em minha cabeça uma estratégia efetiva para dar cabo daquele inimigo, que parecia ter realmente uma defesa bem robusta, sendo apenas mais um obstáculo para meus punhos ultrapassarem novamente.

Com o início do combate se iniciando, sequer daria brecha para que os oponentes repensassem em uma estratégia. Aproveitando ainda as falas dos mesmos, seguiria em saltos por entre o chão irregular, semelhante ao que havia feito no andar anterior. Utilizando de meu corpo acrobático, imaginava ser capaz de diminuir a distância entre mim e os oponentes o mais rápido possível, para então esboçar um largo sorriso já próximo do homem-panela.

De fato, seu corpo possuía defesas muito robustas, e dificilmente seria capaz de encaixar um soco efetivo caso golpeasse de qualquer jeito. Entretanto, uma das filosofias de meu estilo de combate era da insistência da água, que com paciência e tempo, era capaz até mesmo de atravessar rochas. Claro que eu não era paciente, e tampouco tinha tempo de sobra por ali, mas meus ataques eram conhecidos por ultrapassar qualquer tipo de defesa, e assim o faria. Por mais que tivesse todo o tórax coberto, a área de seu pescoço e rosto estavam expostos o bastante para que um golpe ali viesse a ser encaixado com efetividade.

E, assim, o primeiro golpe acabaria sendo quase um golpe fantasma, pois com a ágil proximidade, tentaria vir com meu braço num golpe horizontal, mirando diretamente em sua têmpora, buscando que o ataque atingisse seu ponto cego. O golpe seguinte seria também em um ponto cego do mesmo, uma vez que aproveitaria do momentum de meu avanço para jogar minha perna para frente, como um jogador de futebol pronto para bater o pênalti. A diferença era que, ao invés de chutar uma bola, eu chutaria as duas. Uma vez ter notado a falta de defesa também nas partes íntimas de Pearl, o foco do meu chute seria ir com força total bem onde dói, tentando arremessá-lo para longe.

Em todo instante, acreditava também que o mesmo fosse capaz de reagir num contra-ataque, de modo que eu tentaria me precaver quanto a isso. Por conta de suas vestimentas, desacreditava que ele possuísse alguma espécie de arma escondida, onde provavelmente se limitaria a me atacar no corpo a corpo. No momento em que visse seu ataque em minha direção, eu simplesmente atacaria seu antebraço ou panturrilha na lateral, de modo a redirecionar seu ataque para longe de mim. Aquilo ainda me garantiria uma brecha em sua defesa por conseguir expelir seu ataque, me permitindo encaixar mais um potente soco bem entre suas defesas.

Além do mais, em caso de ser atingido, também não me abalaria. Levantaria, caso necessário, ou apenas resistiria ao golpe sem perder minha firme base de luta. No momento em que estivesse sentindo o golpe sendo encaixado em meu corpo, seria o momento ideal para meu braço também se mover em sua direção, tentando pegá-lo desprevenido ao acreditar que eu não atacaria num momento como aquele. Com um forte golpe aplicado contra suas costelas, teríamos que fazer uma disputa de forças para ver quem tombaria primeiro.

Em todo caso, se o mesmo não tivesse a iniciativa ou capacidade de me atacar até então, e em caso dos ataques citados terem tido o resultado esperado, avançaria em direção ao mesmo para então fazer um salto próximo de si, ganhando uma breve distância entre nós. E, com o mesmo ataque que havia surpreendido Kuro, acabaria replicando o chute em pleno ar para jogar uma onda de choque diretamente contra sua face, esperando atingi-lo de surpresa e mitigar suas forças aos poucos.

Observar Pearl voando com toda a potência na direção daquela muralha de cristais me dava uma satisfação enorme. Ver a potência de meus socos crescendo na medida de minhas aventuras era inspirador, motivo pelo qual não planejava parar ali. — Pronto para mais um pouco, homem-panela?! — Dizia em tom engraçado, quase como se estivesse chamando ele para algo divertido, como compartilhar mais uma dose de saquê.

Esperaria que ele se levantasse para então, já com a guarda armada novamente, seguisse em sua direção a passos ágeis. Próximo dele, antes que pudesse recuperar completamente os sentidos, atacaria com intenção de remexer ainda mais o seu cérebro dentro de seu crânio, de modo a praticamente fazer um omelete. Para esse feito, me aproximaria com brutalidade para então golpeá-lo novamente com força total em seu queixo, tentando pegar o mais na ponta possível, uma vez que ele poderia tentar precaver  um novo golpe na têmpora. Após isso, tentaria aguentar o máximo possível caso fosse alvejado por algum golpe do mesmo, de modo que eu retornaria com o outro braço e voltaria com um segundo soco diretamente contra seu queixo também, forçando seu maxilar ao ponto máximo para se quebrar em instantes.


Faria uma rápida sequência para chacoalhar tudo o que ele havia ali dentro, de modo que ele não notasse o movimento seguinte. Aproveitando sua confusão, jogaria meu corpo rapidamente em direção ao chão, atento contra seus pés para não ser um alvo fácil naquela hora. Minha intenção seria simples e rápida pois, logo no momento em que firmasse minhas mãos no solo de modo a não me machucar pelos cristais, jogaria meu pé com força total em direção ao seu queixo, tentando arremessá-lo para cima ao potencializar o chute com as ondas de choque que eu era capaz de produzir. Seria uma forma irônica de tentar “encaixar” o seu queixo de volta no lugar após tê-lo maltratado tanto.

Esperava que aquilo remexesse ainda mais com o seu cérebro e, no momento seguinte, tentaria me firmar com os pés no chão para saltar em sua direção, de modo a levar o combate ainda no ar, caso ele fosse arremessado, ou então apenas me aproximar caso ele permanecesse pelo chão. Pela breve duração do combate, conseguia sentir o suor se acumulando em meu corpo na medida em que eu me aquecia cada vez mais. — As lutas não duraram tanto até agora, então sinta-se honrado por vê-la estreando por aqui. — E assim, com o meu punho revestido pelo meu próprio suor, o fecharia enquanto mirava na brecha de sua armadura, tentando acompanhá-lo ainda no ar. — Seikenryū… — E, então, numa tentativa de acabar de uma vez por todas com aquele combate, tentaria encaixar um ataque certeiro diretamente contra suas costelas, de modo a sentir a onda de impacto atravessando todo o seu tórax de ponta a outra. — Umidaiko!!!! — Expressaria em plenos pulmões, enquanto observaria meu oponente sucumbir perante os ataques.

Em todas as circunstâncias, dispensaria as evasões para garantir meus ataques em serem o mais efetivos possíveis. Se eu precisasse sacrificar minha integridade em prol de um ataque bem encaixado, assim o faria, de modo a receber o ataque com tudo para poder dar prosseguimento ao meu movimento, resistindo ao máximo para então ter a oportunidade de atingi-lo em cheio.

Técnica Utilizada: