Laurie Loomis nasceu e cresceu na ilha de Stevelty, sendo desde jovem contaminada pela infindável paixão por engenharia tão presente em sua terra natal. Não foi surpresa, portanto, quando a jovem tornou-se uma engenheira ambiciosa e destemida, tendo como seu maior objetivo projetar dispositivos que deixariam as vidas dos cidadãos mais fáceis e melhores.  E foi durante um de seus projetos, enquanto estava no processo final de montagem, que Laurie conheceu o ferreiro Norman Myers. O ferreiro, ao contrário de Laurie, não foi agraciado por uma vida recheada de privilégios. Desde jovem, Norman precisou se virar, arranjando bicos em trabalhos braçais e aprendendo coisa ou outra com cada trampo. Apesar de sua clara falta de modos e pavio curto, Norman tinha boas qualidades, como sua vontade de proteger quem ama e os indefesos, além de sua coragem e confiança admiráveis. Não demorou para que ambos se apaixonassem um pelo outro e, anos depois, gerassem filhos.

E foi cerca de vinte e cinco anos atrás que o casal trouxe ao mundo irmãos gêmeos. O mais velho, Frederick, lembrava muito seu pai desde o início, sendo propenso a se meter em confusão, muito ativo e extremamente corajoso. Seu irmão mais novo, Billy, era mais semelhante a sua mãe com toda sua gentileza e paciência. Apesar de muito diferentes, os irmãos eram bem próximos um do outro, com Frederick dando o seu máximo para proteger seu irmão mais novo. Seus laços estreitaram-se ainda mais quando Laurie adoeceu. A doença, que a forçava a ficar acamada durante a maior parte do tempo, afetou também a Norman que se mostrou cada vez mais agressivo devido ao stress. Como se não bastasse, o homem se entregou a bebida também, transformando-se em um homem agressivo, impaciente e abusivo cujos filhos mal reconheciam.

Frederick, que herdou o instinto protetor de seu pai, fazia questão de esconder seu irmão e levar a culpa por qualquer coisa que irritasse seu pai, a fim de levar todos os castigos que Norman tivesse em mente. Protegia dessa forma Billy, para manter sua inocência e gentileza intactas. Outro motivo para esse sacrifício de Frederick era a admiração que ainda tinha por seu pai, escondida debaixo de todas as memórias ruins que estavam sendo criadas. Portanto, Fred aproximou-se de Norman, o ajudando em seu trabalho como ferreiro até mesmo quando os contratantes eram poucos devido a sua fama de ser agressivo e inconsequente. Frederick aprendeu muito com seu pai e o ajudou em bicos menores para auxiliar no sustento do lar.

Três anos depois, quando Laurie veio a falecer, Norman ficou ainda pior. Bebia mais, se envolvia em mais brigas e trabalhava cada vez menos. Frederick e Billy tinham apenas dezoito anos e faziam o melhor que podiam para sustentar o lar, mas não fora o suficiente. A situação financeira se tornou tão preocupante que tiveram que se mudar para uma área mais pobre da cidade constituída de barracos e trailers instalados em um dos cemitérios de ferro da ilha. A essa altura, Frederick havia se tornado amargurado, impaciente e quieto, muito semelhante ao seu pai. Enxergando isso, passou a ver em si mesmo o monstro que fez da vida dele e de seu irmão um verdadeiro inferno. Com a repulsa que sentia por ter se tornado tão semelhante a seu carrasco, Frederick se considerava perigoso demais para se manter próximo de Billy. E, após seu irmão mais novo conseguir um emprego semelhante ao de sua mãe e ir viver nos dormitórios fornecidos pelo Centro Científico, os irmãos mal mantiveram contato. A última interação relevante dos dois foi no último aniversário de Frederick, quando Billy o presenteou com um chapéu novo que Freddie mantém guardado até hoje.

Frederick manteve-se com seu pai até seus últimos dias, por mais que acreditasse que o velho não merecia um pingo de sua compaixão. Isso pois, por mais que o odiasse, Frederick ainda queria um dia ser motivo de orgulho para seu pai, por conta das boas memórias que nutriu durante sua infância. Trabalhou arduamente, dia após dia, até que seu pai veio a falecer quando Frederick completou seus vinte e cinco anos. Norman se foi silenciosamente, sem ter sorrido para seu filho em anos, sem que Frederick pudesse ouvir que seu pai estava orgulhoso dele. Como se não bastasse, o fato de ter se mantido do lado do velho rancoroso rendeu a Freddie uma má fama entre os locais, que o enxergava como alguém tão instável quanto o progenitor. Isso amargurou ainda mais o jovem, que recusou-se a ir no enterro de seu pai e ainda evitava seu irmão, pois considerava que falhou com ele. Agora, Frederick reunia o dinheiro restante e outros bens necessários, pronto para se despedir de Stevelty. O homem, pronto para partir, se via de pé em frente aos túmulos de seus pais para dar um último adeus.